segunda-feira, 27 de outubro de 2014

[OFF] A visionária Laranja Mecânica



O filme “Laranja mecânica” (1971), baseado no romance homônimo, escrito em 1962 por Anthony Burgess, foi dirigido por Stanley Kubrick e é uma das maiores obras do cinema do último século. Cultuado até os dias atuais pelos apaixonados pela sétima arte, o longa-metragem conta a história do anti-herói Alexander DeLarge (interpretado por Malcolm McDowell), ou simplesmente Alex, um adolescente de 17 anos*¹, líder de uma gangue de adolescentes que têm como hábito cometer atos de violência pela cidade.

Alex é retratado como um sociopata sem escrúpulos, que estupra, rouba e espanca pessoas pelo simples prazer de propagar a violência existente em grande escala na Inglaterra futurista ficcional descrita no livro. Ironicamente, Alex é um jovem inteligente e adora música clássica, principalmente Beethoven (Ludwig van, para o protagonista), citado a todo tempo por sua nona sinfonia, obra que faz Alex deleitar-se enquanto sonha com fantasias sobre estupros e torturas.

“Laranja mecânica” se passa em primeira pessoa, sendo Alex o narrador. A obra explora muito bem o psicológico perturbado do personagem, que se refere a si, no livro, como Vosso Humilde Narrador, muitas vezes abreviado por V. H. N, e conversa com o interlocutor, chamando-o de “irmão” e “amigo”. A trilha sonora é peça importante entre os fatores que fazem do filme uma obra-prima. Uma das mais brilhantes cenas do longa-metragem é feita com o recurso de stop motion, em que Alex tem relações sexuais com duas garotas ao som da imponente passagem final da abertura da ópera “William Tell”, de Gioachino Rossini. No livro, ainda é citado que Alex, após as garotas fugirem de sua casa, dorme ao som de sua adorada nona sinfonia de Beethoven.




Os membros da gangue de Alex se comunicam pelo Nadsat, linguagem criada por Burgess repleta de gírias formadas pela união de termos em russo e inglês. Assim, Laranja Mecânica reforça sua idéia futurista e permite que o espectador tenha sua própria interpretação do dialeto e dos diálogos da obra. Contribuem também para o ambiente futurista a variedade de cores fortes nos espaços públicos freqüentados pelo protagonista e a promiscuidade, marcada por quadros de mulheres nuas, objetos de formato fálico e seios representados em toda parte. A nudez é explícita no filme, sendo recorrentes cenas de estupro em que os personagens aparecem nus, sem censura alguma.

Por ser impossível manter o enredo do filme completamente fiel ao do livro, algumas das aventuras noturnas de Alex e seus druguis (amigos, em nadsat) são ignoradas no filme. Ainda assim, os primeiros 20 minutos do longa permitem que o espectador compreenda como Burgess criou o caótico cenário de sua Inglaterra ficcional. Em uma das aventuras retratadas, Alex é pego após invadir um spa e assassinar sua dona. Então, Alex é condenado a 14 anos de prisão. Nos livros, a obra divide-se em três partes, com sete capítulos cada, e este é o ponto de transição entre a primeira e a segunda.

Decorridos dois anos, Alex é selecionado para uma experiência do governo que tem como intenção curar os prisioneiros mais violentos em poucas semanas e reduzir a superlotação dos presídios do país: o tratamento (ou método) Ludovico. Aqui se encontra uma distorção entre os enredos do livro e do filme. Na literatura, Alex é selecionado para este tratamento após espancar um companheiro de cela até a morte, enquanto no longa-metragem, Alex induz o ministro que implantou o tratamento a escolhê-lo, para ser liberado da prisão mais rapidamente.



O tratamento Ludovico consiste em uma aplicação prática das idéias behavioristas descritas no condicionamento operante por B. F. Skinner. O prisioneiro recebe a injeção de uma droga que o faz passar por uma experiência de quase-morte e, enquanto isso, é obrigado a assistir a filmes que retratam situações de transgressão da lei como assassinatos, torturas, estupros e assaltos. Assim, o corpo do paciente liga a violência ao mal-estar físico causado pela droga que lhe foi injetada, e se torna indisposto na presença da violência, impedindo o prisioneiro de cometer novos crimes. É possível também relacionar o método Ludovico com a teoria da agulha hipodérmica, a primeira do Mass Communication Research, pelo fato de a droga ser inoculada no paciente, assim como a teoria prevê a mensagem sendo inoculada na massa pelo meio de comunicação.

Após passar pelo método Ludovico, Alex é liberado da prisão, e assim se dá o fim da segunda parte do livro, que tem em sua terceira e final parte com a narração de como o protagonista segue sua vida após passar pelo traumático método de reabilitação social.

Existem muitas críticas à sociedade moderna em Laranja Mecânica. A desestruturação da família é uma delas. Os pais de Alex são vistos poucas vezes no filme e são retratados como figuras sem nenhum poder. A mãe, desequilibrada, é facilmente ludibriada pelo filho e, após a prisão de Alex, é vista chorando em todas as cenas. O pai, ausente, não aparenta ter qualquer controle da estrutura familiar e também é enganado pelas mentiras de Alex, que alega que suas saídas noturnas são para trabalhar.

A Igreja Católica é outra instituição importante citada no filme. Em uma passagem do filme, Alex é visto torturando Jesus. Durante a passagem do protagonista pela prisão, uma figura retratada diversas vezes é o padre que prega na capela do local. Este personagem é debochado durante os cultos, também se deixa levar pela conversa de Alex, que o faz contar sobre o método Ludovico contra sua vontade, e tem sua opinião contrária à tortura do método rejeitada por todos.



A mídia também é retratada de modo muito crítico no filme. São constantes as cenas de pessoas lendo jornais e revistas, e a opinião pública é fortemente controlada pelos veículos de comunicação. Uma passagem que marca isso é quando o Ministro do Interior, de maneira discreta, implora para que Alex o perdoe pelo sofrimento causado pelo tratamento Ludovico, que também o deixou impossibilitado de escutar a nona sinfonia de Beethoven, e permita que os jornais publiquem uma fotografia selando a amizade entre os dois.

A sociedade futurística da Laranja Mecânica acerta em cheio os prognósticos feitos por Anthony Burgess. A vida de aparências da sociedade moderna é criticada fortemente, mesmo que de maneira metafórica. A liberdade escancarada da população transforma-se em falta de privacidade e torna o povo refém de sua própria independência. Essa conclusão é vista na passagem do filme que o pai de Alex diz para o filho que ele é “uma vítima da modernidade”.

Assim como em 1984, de Orwell, e Admirável Mundo Novo, de Huxley, obras futuristas de período semelhante, a sociedade futurística criada por Burgess e retratada com brilhantismo por Kubrick merece toda a aclamação que tem até os dias atuais. A Laranja Mecânica visionária une a crítica social ao romance com uma linguagem simples e capaz de transmitir sua mensagem para todos, sem perder jamais a primazia, e mantém-se após décadas como uma obra atual e indispensável para os apaixonados pela literatura e/ou pelo cinema.

*¹- na literatura, Alex possui somente 15 anos. Para amenizar a polêmica em torno da violência explícita, no filme, o diretor optou por fazer o personagem um pouco mais velho

terça-feira, 22 de julho de 2014

Tupi x Exeter City

O Tupi enfrentará nesta quarta-feira, em jogo amistoso, o Exeter City FC, clube inglês que atualmente joga a Football League Two, o equivalente à quarta divisão do futebol inglês. Os ingleses já estão em Juiz de Fora, e eu fui ao hotel em que eles estão hospedados para bater um papo sobre o amistoso e o clube com Bruce Henderson e Julian Tagg, dois dos diretores do Exeter.

Minha primeira pergunta foi sobre como Bruce Henderson descreveria o Exeter City quanto a sua dimensão. Ele respondeu que é um clube extremamente profissional, mas de pequeno porte.

Perguntei sobre as expectativas do time para a próxima temporada, e Bruce disse que o time atual é muito jovem, sendo quase todos os jogadores do elenco da base do clube, e contra times de muita força física o grupo sai em desvantagem. Por isso, espera-se uma boa temporada, com muitas dificuldades, porém.

Também falei sobre a falta de apoio da CBF aos times pequenos no Brasil, e questionei sobre as práticas das instituições que comandam o futebol inglês com os pequenos clubes. Julian disse que a segunda, a terceira e a quarta divisões são regidas pela Football League, e que, de todo o dinheiro investido pela organização, somente 8% vai para os clubes da quarta divisão, em que o Exeter se encontra. Por isso, o time não tem grande poder financeiro.

E, como acontece em toda parte do mundo, o poder financeiro no futebol inglês se consegue pela venda dos direitos de transmissão às emissoras de tv. A Premier League é o campeonato mais assistido no mundo, e o Championship, a segunda divisão inglesa, é o terceiro. Daí, toda a força de seus clubes.

Em 1914, a Seleção Brasileira fez sua primeira partida, um amistoso contra o Exeter City. O Brasil venceu por 2x0, e os ingleses se orgulham até hoje de serem o primeiro time a enfrentar a Seleção Brasileira. Perguntei sobre a importância deste jogo na história do clube, e Bruce disse que os torcedores se orgulham muito do fato, tanto que o lema desta excursão pelo país é "Have you ever played Brazil?", ou "Você já jogou contra o Brasil?", em português.

Então, Bruce me pediu para contar um pouco sobre a história do Tupi. Falei sobre o time atual, os melhores jogadores, a situação na Série C e o episódio do "fantasma do Mineirão", que levou o Tupi a também enfrentar a Seleção Brasileira, que na época se preparava para jogar a Copa de 1966, na Inglaterra. Dando a deixa para falar de Copa do Mundo, perguntei sobre o que os ingleses acharam da Copa de 2014.

Bruce disse que viu uma Seleção Inglesa perdida taticamente e sem saber se postar em campo, com jovens bons jogadores do meio para a frente e fracos jogadores na defesa. Sobre a Seleção Brasileira, entrou no coro de grande parte da torcida e criticou a falta de organização do time de Felipão. Também criticou a falta de noção defensiva de Dante e David Luiz na partida contra a Alemanha e pediu para que eu tentasse explicar o que aconteceu com Fred.

Para finalizar, Bruce elogiou o Estádio Municipal Radialista Mario Helênio, lamentou que a partida não pudesse ser realizada lá e rasgou elogios à Universidade Federal de Juiz de Fora e à cidade.

O amistoso entre Tupi e o Exeter City será realizado no campo da Faculdade de Educação Física e Desportos da UFJF, nesta quarta-feira, às 20:00. A entrada é gratuita, e vale muito a pena conferir este histórico amistoso entre os dois times.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 17 de julho de 2014

Deu pro gasto

O Cruzeiro entrou em campo nesta quinta-feira sabendo da obrigação que tinha de vencer. O Vitória, consciente de que era zebra, montou uma retranca para esta partida e tentou achar um gol em contra-ataque.

E desde o primeiro minuto o jogo seguiu o roteiro que todos sabiam. Nos 15 primeiros minutos, uma blitz do time que já entrou em campo líder e um visitante se salvando como podia. No resto do primeiro tempo, um jogo fraco.

Se tivesse feito um gol na pressão dos minutos iniciais, o Vitória teria de sair para a partida, e o Cruzeiro teria o espaço para matar o jogo em contra-ataques. Como não conseguiu, precisou martelar sem muita categoria até que surgisse alguma coisa.

Mas, como a fase é boa, era de se esperar que o gol viria. Numa jogada que não daria em nada e contra, veio. A partir daí, foi só controlar a partida e aproveitar o desespero do Vitória. Longe de ser brilhante, vieram mais dois gols para coroar a volta do líder no pós-Copa.

Líder disparado com média superior a 2 gols por partida, melhor ataque e a garantia de permancer no topo mesmo perdendo a próxima partida, o Cruzeiro deixa bem claro que vai brigar pelo bicampeonato em 2014.

Mais importante que qualquer estatística ou os 3 pontos, fica a certeza de que o Cruzeiro não precisa estar no seu melhor dia para fazer três em um adversário não muito qualificado, o que terá aos montes nesse Brasileirão. Do jogo de hoje, isso é o que de melhor fica para o torcedor.

Abraços, @Rafael_Araca.

segunda-feira, 7 de julho de 2014

Reflexões insoníacas

São duas horas da manhã e estou completamente incapaz de dormir. Ideias avulsas rondam minha mente, dúvidas aos montes e, de certeza, só uma: amanhã tem Copa.

Faltam 15 horas para o Brasil entrar em campo. A partida mais importante da Seleção desde que passei a realmente acompanhar futebol se aproxima e não me deixa ter sono.

Talvez por eu saber que o resultado definirá meu humor durante um bom tempo. Uma vitória pode fazer desta a terça-feira mais feliz do ano, e imaginar uma derrota me faz ter vontade de desaparecer do mundo.

Vêm a minha mente imagens de 2002, imagens que me fizeram entender o que é o futebol brasileiro. Os jogadores entrando no estádio, em Yokohama, fazendo pagode e sorrindo. Nenhum alemão poderia entender ou aceitar aquilo.

Uma final de Copa do Mundo, e os caras chegam preocupados em acertar a batida no pandeiro? Tão errado e tão brasileiro que só poderia dar certo. E deu.

E é só isso que eu peço aos jogadores, nesta terça-feira. Um sorriso no rosto e um Seleção mais brasileira. Vençam, percam, mas com alegria por jogar futebol e vontade de vencer. Não temos Neymar, mas temos 11 homens vestindo a camisa mais pesada do futebol. E que essa camisa represente alguma coisa a eles.

Joguem por nós, joguem por vocês, joguem pelo Neymar. Mas joguem felizes. Busquem o gol e sorriam. Sorrindo, vencemos a Copa de 2002 antes mesmo de a final começar. Sorrindo, chegaremos à final de 2014.

Por uma Seleção mais Brasileira,
Abraços, @Rafael_Araca.

segunda-feira, 30 de junho de 2014

Maior de todas

A Copa de 2014 começou desacreditada e cheia de craques de fora. E, como uma entidade viva que carrega consigo uma alma, absorveu o espírito do Brasil e levou para dentro de campo tudo de melhor que nós temos.

A alegria do brasileiro tomou conta das cidades, os gringos se apaixonaram pelo país que daria vexame, e vimos chuvas de gols. Após duas Copas cheias de resultados previsíveis, surpresas vieram aos montes.

No "grupo da morte", foi a Costa Rica, massacrada por antecipação, quem matou os campeões mundiais e despachou 5 títulos de Copa de volta para casa. Todos os favoritos fizeram ao menos uma partida fraca, e o melhor time da fase de grupos foi a Colômbia, que veio para cá desacreditada por não ter seu grande craque.

A insuportável Grécia jogou bem uma partida de Copa, venceu e foi às oitavas. O toque de bola espanhol foi humilhado, e a Argélia por pouco não calou a Alemanha pela terceira vez. O homem que gerou a melhor cena de 2010 veio ao Brasil como dúvida, foi de herói a vilão e terminou sua passagem pelo torneio como protagonista outra vez.

Há cerca de 50 dias, escrevi um texto em que disse que esta seria a maior Copa do Mundo de todos os tempos. Na época, o fiz somente para tentar trazer os leitores para perto da Seleção e do torneio, não havia como dizer se seria a maior das Copas. Hoje, vejo que a bola se sentiu em casa nos gramados brasileiros e fez desta a maior Copa de todas.

Mas tudo que é bom dura pouco. A Copa, um mês, que já está no fim. Faltam só 10 jogos, e não sei se terei cabeça para escrever após o apito final, no dia 13 de julho. Por isso, já antecipo meus agradecimentos à melhor coisa que já aconteceu neste país, e faço meus votos de que vença o melhor, e que o melhor seja o Brasil.

Obrigado, e volte sempre. A casa também é sua.

Abraços, @Rafael_Araca.


sábado, 21 de junho de 2014

Eternos

Miroslav Klose chegou ao décimo quinto gol em Copas do Mundo. Jogando em uma Seleção de eficiência absurda que pode transformar qualquer grupo em parada fácil, a marca era só questão de tempo. O banco de reservas em que ele se senta ao início de cada partida é só um charme a mais para o recorde.

Mais inevitável que mais um gol de Klose, surge a necessidade de compará-lo a Ronaldo.

Klose é um exímio cabeceador, tem uma noção de posicionamento surreal que faz muita gente considerá-lo um mero sortudo, e faz gol, muito gol. Mas nunca conseguiu destaque com grandes títulos na carreira; o máximo que conquistou foram taças da Bundesliga.

Ronaldo é integrante indubitável de qualquer lista feita sobre os cinco maiores camisas 9 da história do futebol. Ganhou duas Copas do Mundo - sendo protagonista em uma delas -, uma Copa América e duas Copas das Confederações. Ah é, foi eleito o melhor jogador do mundo por três vezes também.



Acho besteira querer criar ódio por um a partir do outro. Os recordes dos dois se completam e escrevem mais uma bela página da história das Copas. O brasileiro que criou a marca na Alemanha, e o alemão que igualou-a no Brasil. Ambos marcando no mesmo adversário.

Klose deve fazer mais um ainda. Que bom. A quebra de recordes faz bem ao esporte, estimula quem corre atrás deles. A certeza de que sempre teremos um Müller para ultrapassar Fontaine, um Ronaldo para batê-los e um Klose superando todos os anteriores é o que mantém o futebol vivo.

E quem ganha com isso é você, que ama o futebol. Mas, lamentavelmente, insiste em chamar um de "gordo" e o outro de "cagão".

Abraços, @Rafael_Araca.

terça-feira, 10 de junho de 2014

Confessa, vai

Caro (nome ocultado por razões de privacidade),

Em 2007, você recebeu a notícia pela qual esperava desde que se entende por gente: Você terá um mês inteiro pra curtir a mulher dos seus sonhos. Essa mulher é maravilhosa, mas é meio sumida; só aparece para o mundo a cada quatro anos, apesar de todos a desejarem o tempo todo.

Há 64 anos, seu avô teve a chance de pegar a avó daquela mulher. Tudo ia muito bem no relacionamento dos dois, até que, na hora H, o velho brochou, manchando a história da sua família. Conquistar a neta dela virou a obsessão da sua família.

Nesse meio tempo, muitas mulheres vieram. Cinco delas foram muito especiais pra você, outras várias decepcionantes. Vieram 24 anos sem pegar ninguém, enquanto você via todo mundo conquistando a mulherada. Você teve até que aturar aquele cara que você odeia pegando duas, e se achando o melhor de todos por causa disso. Mas não interessa, porque agora você ganhou uma chance com a mulher da sua vida.

Porém, havia um problema. Você teria de esperar sete anos até ter a moça para si. Nesse tempo, ela estaria se preparando para seu tão sonhado encontro. Ela estava indo colocar silicone e comprar roupas melhores, tudo com seu dinheiro, e até fazer seu marketing pessoal com uns empresários da África do Sul.

Então, o problema: O silicone era caro demais, e o assessor da moça pegou muita grana fingindo que ia só comprar as roupas. Como o dinheiro era todo seu, você se revoltou. Disse que não teria mais encontro e aquela não era mais a mulher dos seus sonhos, e até foi às ruas dizendo que a odiava. Ainda colocou nela a culpa de problemas da sua profissão, que ela nada tinha a ver, coitada.

O tempo se passou. Faltando um ano para o encontro, enquanto gritava na rua, você recebeu uma foto da sua paixão platônica e abaixou um pouco a bola. Mesmo assim, seguiu falando com os amigos que não a queria mais, para não perder a pose e a moral.

Agora, faltam menos de 24 horas para o mês que você tanto esperou. Eu sei que você voltará a gritar nas ruas e falar mal da moça. Acredito até que vá berrar aos quatro cantos, com muita dor no peito, que prefere vê-la com outro homem.

Mas confessa aí, vai. Você está louco pra conquistar essa mulher, camarada.

Abraços, @Rafael_Araca.

domingo, 1 de junho de 2014

No caminho

Depois de mais uma vitória em casa, o Tupi completou um terço de sua trajetória na primeira fase da Série C. Ainda é cedo para dizer pelo que vai brigar o time, mas acho bastante válida uma análise do que fez a equipe até o momento e do que deve mirar no torneio.

Foram seis jogos até agora. Quatro em casa, dois fora.

Em casa o Tupi segue, como nos últimos anos, sendo um time chato de se bater, mesmo não jogando bem em nenhuma das partidas.

Na estréia, contra o adversário mais fraco até agora, um empate. O segundo jogo, contra o estranho toque de bola do Guaratinguetá, a primeira vitória, em que de bom, só deu para se tirar os três pontos. Enfrentando o Caxias, outra atuação fraca, mas em que o grupo mostrou poder de reação e vontade que eu não via no Tupi há um bom tempo.

Neste sábado, veio a melhor atuação do time. Várias ótimas chances desperdiçadas, como de costume, e quase nenhum perigo sofrido. Três pontos a mais na conta, e o time vai pra a pausa da Copa do Mundo no G4.

Fora de casa, o Tupi se mostrou frágil e teve duas derrotas merecidas. Porém, é importante levar em conta que os jogos longe de Juiz de Fora foram contra o líder e o vice-líder do grupo.

Olhando para o histórico da Série C, desde que iniciou-se o uso desta fórmula, para fugir do rebaixamento 20 pontos bastam. O Galo já tem metade disso com um terço do torneio decorrido, e ainda joga, em casa e fora, contra São Caetano e Duque de Caxias, os times mais fracos deste grupo. Arrisco dizer que o fantasma do rebaixamento está longe de Juiz de Fora.

Para chegar às quartas-de-final, 28 pontos é a meta. O único caso em que essa pontuação não foi suficiente, foi quando um problema na justiça desportiva colocou onze equipes no mesmo grupo, o que acarretou em duas partidas a mais para cada equipe. Neste mesmo grupo, os dois últimos colocados perderam para quase todo mundo, subindo demais a média de pontuação. Um caso completamente atípico que não deve ser levado em consideração, portanto.

Vencendo todas as partidas em casa, alcança-se 27 pontos, o que exige da equipe somente um empate em nove partidas fora de casa. Como o Tupi empatou uma partida em casa, é preciso vencer um jogo fora do Helenão.

Na volta da Copa do Mundo, o Galo enfrenta os dois últimos colocados do grupo, fora, e o ante-penúltimo, em casa, fechando o primeiro turno. Para se classificar, eu projetaria, no mínimo, seis pontos entre os nove disputados.

Algumas considerações finais:

- Éwerton Maradona é um dos melhores meias que já vi no Tupi. Méritos para a diretoria, que precisa mantê-lo se quiser brigar pela vaga na Série B.
- O Tupi não pode perder o mar de gols que vem perdendo. Contra os adversários mais fortes do grupo e num possível mata-mata, o time vai precisar de mais eficiência nas finalizações.
- Lamentável o público presente nos jogos ocorridos em Juiz de Fora. Apoio nulo da prefeitura da cidade e da população.

Conforme o andamento da Série C, farei mais algumas análises. Deixa só a Copa passar, porque eu não consigo mais pensar em outra coisa.

Abraços, @Rafael_Araca.

domingo, 25 de maio de 2014

A décima!

De um lado, o maior time do mundo, com o melhor jogador do mundo, em busca de seu décimo título. Do outro, a mais grata surpresa da temporada. O time que jogou Libertadores na Champions League, jamais abriu mão de uma dividida e viu em seu técnico um líder para se apoiar e por quem lutariam até o fim.



Finais e clássicos são partidas que não têm obrigação alguma de seguir a já quase inexistente lógica do futebol. Seja pela importância do jogo, a tensão que o envolve ou só porque futebol não se explica. Portanto, de um clássico na maior final de clubes do mundo, tudo podia se esperar. Até mesmo que nada acontecesse.


Podia se esperar por Diego Costa sendo um mero coadjuvante, marcado por um tratamento milagroso que só serviu como uma bela história. Também podia se esperar por uma pipocada gigante do melhor jogador do mundo. Por que não imaginar um Atlético jogando por uma bola? Casillas falhando em todos os lances? Não, aí já seria demais. Pois é...

"Ah, mas se o juiz não tivesse dado cinco minutos de acréscimos.." Mas deu. E se a bola do Bale no 0x0 tivesse entrado?

O futebol eternizou um grande time. Ao mesmo tempo, perdeu a chance de eternizar uma épica história que não merece ser esquecida por causa do vice. Ganhou o melhor grupo, ganhou quem jogou mais. Título mais que merecido do Real, que só faltava provar a si mesmo que é o melhor.

Foi um grande jogo, cheio de grandes histórias. E o resultado não refletir, em nada, o que aconteceu em campo, é a prova de que tivemos uma puta final de Champions League.

Abraços, @Rafael_Araca.

terça-feira, 13 de maio de 2014

Aquele sobre roubos, Habib's e Tic Tac

Era um domingo de dia das mães. Após uma noite de festa com os amigos, o cara que vos escreve estava indo ao shopping para comprar um presente para sua velha.

No meio do caminho até o ponto de ônibus, eis que um jovem muito simpático, junto de outros três agradáveis colegas, me aborda e manda entregar o celular a ele, dizendo que me mataria se eu não o fizesse. Como não estava muito interessado neste negócio de morrer, entreguei a ele. Porém, ao pegá-lo, o que ele dizia ser uma faca em sua mão se mostra ser apenas duas embalagens de Tic Tac.

Desacreditado de que poderia ser morto por embalagens de plástico, eu tento, demonstrando a vergonhosa malandragem brasileira, pegar de volta o celular das mãos do pobre menino alucinado, que seguia me ameaçando de morte com as balas Tic Tac.

Então, após ser perguntado sobre a senha do meu celular, retruco perguntando se poderia ao menos fechar minhas redes sociais, para que ninguém entrasse. A resposta que recebi foi de que o bom samaritano me cederia o chip do celular. Logo após, ele me mostra o aparelho, para que eu retirasse o chip. Neste momento, pego brutalmente o celular de suas mãos e saio em disparada até um hospital próximo. Absurdo!

Lá, fui muito bem recebido, mesmo após ficarem sabendo da minha atitude de minutos anteriores. Após me acalmar e ficar consciente do crime que cometi, peguei um táxi e fui para casa.

Aqui chegando, ligo para o Habib's e tenho uma conversa com o talvez mais estúpido atendente de telemarketing do país:

- Habibs, boa noite. Não, é boa tarde, desculpa. O que deseja? — Diz o gênio.
- Boa tarde, eu gostaria de pedir um penne à bolonhesa
- Não tenho esse prato disponível...(passa-se um bom tempo). Um segundo, por favor...(passa-se muito mais de um segundo) Você gostaria de que prato mesmo?
- Um penne à bolonhesa. — Respondo, já irritado
- Um segundo, por favor...(passa-se tempo pra caralho)

Termino a ligação com um sonoro "Vai tomar no cu", e ligo novamente para o Habib's, na esperança de encontrar um atendente com um QI maior que o de uma pomba. Logo, sou atendido:

- Habib's, boa noite. Quer dizer, boa tarde, o qu...
- PUTA QUE PARIU — E desligo.

Alguns minutos depois, faço minha última tentativa. Fui atendido por uma mulher que aparentemente — Guarde esse aparentemente na cabeça enquanto segue a leitura — sabia o que estava fazendo. Em menos de meia hora, meu almoço chegou. Ou melhor, meus almoços chegaram. O Habib's enviou duas refeições, cobrou por ambas e ainda me devolveu 16 reais a menos de troco.

Quatro horas da tarde, vou assistir meu time jogar. Para concluir meu belo dia, ele perde para o maior rival após sofrer gol em um pênalti que não existiu, ter um pênalti não marcado pelo árbitro a seu favor e viver o lance de impedimento mais esdrúxulo das últimas semanas.

E assim terminou mais um belo dia na minha vida.

Eu, roubado três vezes no mesmo dia sem direito de pedir música no Fantástico, puto.

Minha mãe, no dia dela, sem presente.

E o simpático jovem que me abordou no início da história, solto. Até porque, para quem me governa, ele é só uma vítima do sistema que não merece ser criticada, graças aos Direitos Humanos. Pobrezinho...

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 8 de maio de 2014

Fechado com a Seleção

Saiu a tão esperada lista. Já sabemos o nome dos 23 que nos representarão no mês mais esperado dos últimos quatro anos. Aqueles que o povo gosta de dizer que não se importa durante todo esse tempo, mas são a causa de seu choro quando a bola não entra na Copa do Mundo.

Escolher vinte e três nomes no país do futebol nunca será tarefa fácil. Sabendo que, em época de Copa, surgem 190 milhões de treinadores Brasil afora, a situação piora. Porém, a convocação deste ano me surpreendeu positivamente. Não só pelos convocados, mas principalmente pela reação do povo.



Assim que Felipão terminou de anunciar sua lista, as redes sociais apontaram seus canhões para Henrique, marcando-o como o grande erro dessa Seleção. Se, de vinte e três escolhas, somente uma foi motivo de grande contestação, a convocação não pode ser chamada de polêmica ou qualquer outro adjetivo negativo, como foi visto em alguns meios.

Eu também não levaria Henrique, e sim o Miranda. Assim como prefiro Fábio e Filipe Luís a Victor e Maxwell. Mas trata-se da escolha de Scolari, o único treinador deste país que tem o aval para fazer o que quiser. Se convocasse uma vaca, eu ainda levaria sua opção a sério. Posso até não concordar, mas Felipão sempre terá minha confiança e apoio.

Falta pouco mais de um mês para a Copa do Mundo e a sorte está lançada. Agora falta você escolher de que lado vai ficar. O nervosinho que reclama de tudo e diz que não vai ter Copa, mas quando o título vier, irá às ruas comemorar, ou o torcedor que está ao lado da Seleção e vai até o final com o time pelo hexa: quem é você na maior Copa do Mundo de todos os tempos?

Eu estou fechado com o Felipão, os 23 convocados e a Seleção. E sigam-me os verdadeiros brasileiros loucos por futebol.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 1 de maio de 2014

O ídolo que não pude ter

Hoje, enquanto completo dezoito anos de vida, o mundo completa vinte sem Ayrton Senna. E eu sofro por um dia não ter podido sentir o que representa Ayrton. A admiração que sinto por ele nada é próximo ao que vejo dos mais velhos.



Senna foi um herói. O maior orgulho de uma nação que acordava de madrugada para vê-lo guiar um carro, o que não faz o menor sentido para mim. Simplesmente porque não houve um atleta brasileiro com suas atitudes desde então. Não somente na Fórmula 1, que só me fez ter nojo de Barrichello e um sentimento de "tanto faz" de Massa, mas em todos os esportes.

Muitos grandes atletas vieram. Até melhores que Ayrton, acredito eu. Mas igual a ele, jamais.  Porque se a equipe mandasse deixar o parceiro passar, o parceiro que lutasse para passá-lo. Sem "hoje não", drama no pódio ou coitadismo.

Enquanto este texto era escrito, assisti ao GP do Brasil de 1991. Senna correu as 7 últimas voltas só com a sexta marcha, não se fez de coitado e venceu. Somente manteve sua pose, que era de vencedor. No pódio, completamente exausto, não aguentava andar, mas fez questão de levantar uma bandeira do Brasil. Este foi o homem que todos tinham orgulho de dizer "do Brasil" após seu nome.

Li muito sobre ele nos últimos dias, e minha tristeza por não tê-lo visto só aumentou. Então me senti na obrigação de escrever algo sobre ele e o que minha geração perdeu naquele GP de Imola.

Difícil achar palavras para dizer sobre algo que você nunca pôde ter, então só deixo meu "Muito obrigado". Não sei direito pelo que sou grato, mas sinto que devo agradecer por algo.

Agradecer a Ayrton Senna do Brasil, o ídolo que não pude ter.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Em segundo plano

Os anos indo ao Helenão me ensinaram a nunca acreditar em aparências quando se trata do Tupi. Não me recordo de ter começado uma temporada com boas expectativas para o Galo e ser correspondido.

2014 se iniciou com um grupo montado para não cair no Campeonato Mineiro, e o time por pouco não chegou à semifinal. Quando, em 1997, a série B já era quase realidade, e um empate em três jogos era o necessário, três derrotas vieram.

Porém, a eliminação de ontem é um ponto fora da curva de histórias inexplicáveis do Tupi — de costume, só a absurda incompetência administrativa que deixou de fora o goleiro e o camisa 10 esperados pela torcida —. Por mais otimista que seja o torcedor, dificilmente acreditaria em uma classificação do time. Fui ao estádio torcendo pela conquista do jogo da volta que, para mim, seria um título conquistado na Copa do Brasil.



Não discordo de quem diz que Condé é retranqueiro, mas não havia o que fazer ontem. Se você avança o time com tudo contra um adversário que tem Conca, Sóbis e Fred, é porque quer perder. Se faz isso sabendo que seu lateral esquerdo é fraco na marcação e o direito não existe, é burro.

O Fluminense jogou como o time grande que tem a missão de eliminar o segundo jogo. O Tupi jogou como o pequeno que recebe o grande e tenta fazer seu jogo em contra-ataques. Deu a lógica do cada vez mais díspar futebol brasileiro, deu o grande.

O sonho de ver o Tupi jogar no Maracanã não foi realizado em 2014. Algum dia será, tenho certeza. Mas fica para outro ano, este é o da Série C.

No fim de semana começa a temporada de verdade para o Tupi. Sem deslumbres, com os pés no chão e foco no objetivo que foi traçado no fim de 2013. Domingo é dia de voltar ao Radialista Mário Helênio.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tradição

Se engana quem diz que os brasileiros sabem jogar a Libertadores. Ter tradição é bem diferente de saber jogar o torneio.

Jogar em casa precisando da vitória talvez fosse a melhor das situações para o Flamengo. Da última vez em que um empate bastou, a malandragem carioca se transformou em relaxamento, e um gordinho fez milagre e eliminou o rubro-negro.

Com o Maracanã lotado e uma pressão massacrante pra cima dos mexicanos, fazer um gol a mais que o outro time talvez não fosse nada além do que o Flamengo já fez centenas de vezes ao longo de sua história. Talvez.


Se engana mais ainda quem pensa que futebol se resume em quatro linhas. Cada camisa carrega consigo tradições que justificam o perfil de seus torcedores e o que acontece nos jogos. Aí entra a relação íntima entre o Flamengo, a tensão e o sofrimento, seja nos momentos de alegria, seja nos momentos de tristeza.

Existem times que vivem de títulos, e outros que vivem de torcida. O Flamengo vive de títulos, torcida e histórias sensacionais que beiram a fantasia.

O elenco atual não tem nada de brilhante, e eu não acredito que venceria a Libertadores caso chegasse às oitavas. Mas não faltou raça e vontade em momento algum. Sem vergonha, como foi gritado ao fim do jogo, este time definitivamente não é.

A tristeza e a exaltação dos flamenguistas nesta hora é justa e esperada. Mas quando a poeira baixar, eles verão que hoje foi mais uma página escrita com a assinatura do Flamengo.

Hoje, assim como em 2008, uma página digna de uma tragédia grega. Mas em 2009 e em 2013, foram feitas páginas da eterna epopéia rubro-negra.

E assim segue o Flamengo. Libertadores e eliminações passam, ele fica.

Abraços, @Rafael_Araca.

domingo, 6 de abril de 2014

Sem graça

Cruzeiro e Atlético entraram em campo guiados pelo regulamento do Campeonato Mineiro.

O Cruzeiro, fora de casa e com a vantagem do empate, veio a campo para jogar nos contra-ataques e explorar os erros do Galo. Ao Atlético, jogando em casa e sabendo do regulamento, restava ir ao ataque. Em 2013, esteve na mesma situação, foi pra cima e matou o campeonato no primeiro jogo da final.

Se pegarmos os times dos dois grandes mineiros no papel, temos um grande jogo. Mas, assim como nos últimos clássicos no Horto, foram 90 minutos terríveis. A rivalidade transformou o jogo em um festival de faltas e agressões. O árbitro, medroso, deixou os jogadores mandarem na partida, optou por não dar cartões e perdeu o comando da partida antes do fim do primeiro tempo.


























No pouco futebol apresentado, o Atlético foi melhor. Diego Tardelli perdeu um gol feito, o garoto Alex Silva entrou bem no time principal, e Fábio foi obrigado a fazer algumas boas defesas. No Cruzeiro, Ricardo Goulart perdeu uma das poucas chances do time, já com Victor batido.

No próximo domingo teremos o campeão de mais um deprimente Campeonato Mineiro. Para o Galo, que frequentemente joga muito mal fora de casa, só a vitória interessa. O Cruzeiro tem o regulamento do Estadual ao seu lado novamente, já que o empate garante mais um título invicto.

Pelo Mineirão lotado e o regulamento, um leve favoritismo ao Cruzeiro. Pelo confronto em questão, sem favorito. E que tenhamos futebol no próximo fim de semana.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Vivos!

Quando o Cruzeiro perdeu a primeira partida da Libertadores, contra o Real Garcilaso, o confronto da volta estava preparado para ser "o jogo em que o time se vingaria pelo racismo contra Tinga". Já classificado, solto para jogar como queria, era só mostrar quem mandava no grupo.

Menosprezaram demais a Libertadores. Os tropeços vieram, a classificação foi ameaçada e até considerada impossível. Mas a superstição ficou ao lado do Cruzeiro. A salvação teria de vir contra um tradicional freguês no torneio, em um dos estádios que mais marcou as páginas heróicas imortais, eternizadas no hino celeste.

E também menosprezaram demais o Cruzeiro. O primeiro título continental veio após a morte trágica de um dos ídolos do time. O segundo, após três derrotas no começo da fase de grupos. Situações adversas não são o maior dos problemas para aquele que foi apelidado de "La Bestia Negra" pelos próprios adversários.

"O Cruzeiro está morto na Libertadores". Deveriam ter parado para analisar o que é o Cruzeiro na Libertadores. Passaram-se noventa minutos, e ele está mais vivo do que nunca. E que venham o tal duelo com o Garcilaso e a classificação. Seja pelo Tinga, pela história do clube ou pelos oito milhões de cruzeirenses que sonham com o tricampeonato.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sejam um só

O Botafogo entrou em campo hoje jogando por uma vitória já dada como certa pra os torcedores. Tendo um time melhor e jogando no Maracanã lotado, é simples: Ganha e classifica.

O Botafogo foi melhor até o gol e poderia ter marcado antes disso. Não conseguiu por um motivo óbvio. Se você joga com bola aérea sendo seu forte, o mínimo que se espera é a presença de um homem de área no time titular. Ferreyra está longe de ser um bom jogador, mas resolveu - depois de perder centenas de gols feitos, diga-se - quando preciso. Hoje, sem ele, o time não teve opções.

Taticamente, o Botafogo foi ineficiente. Com Jorge Wagner apagado, tecnicamente não existiu. Em mais uma ironia do futebol, contra o Independiente del Valle, a atuação foi péssima, mas a vitória veio. Hoje, jogando melhor, perdeu.

Não acho que foi pênalti, mas não acho absurda a marcação. Houve o toque no jogador chileno, a decisão ficou para a interpretação do árbitro, e conhecemos bem como os árbitros interpretam lances contra equipes brasileiras na Libertadores. Por isso, ficar com a noite de hoje na cabeça é o maior erro que o Botafogo pode ter.



E, botafoguenses, vaiar a equipe e chamar o Húngaro de burro também não são decisões inteligentes. O time jogou mal as últimas partidas e o treinador não escalou bem, é fato. Mas se nem vocês ficarem ao lado de quem carrega a maior sina de azarado e cavalo paraguaio do futebol brasileiro, ninguém ficará .

A próxima parada é em Buenos Aires, e pode ser a última. Vocês têm duas opções: abandonar o time no melhor momento já visto por uma geração de torcedores, ou fazer como disseram no mosaico que encantou o Brasil.

A hora de serem um só chegou, qual opção vão escolher?

Abraços, @Rafael_Araca.

domingo, 23 de março de 2014

Superclássico

"Brasil está vazio na tarde de domingo, né?". Porém, desta vez não foi pelo nosso futebol, preso às deprimentes partidas dos falidos Estaduais. Barcelona e Real Madrid fizeram mais um jogo inesquecível, com direito a tudo que um grande clássico precisa.



















O primeiro tempo começou com ambas as defesas falhando muito. Pelo Barça, Daniel Alves foi muito mal defendendo. Pelo Real, a marcação em linha deixava os rivais chegarem em bolas enfiadas e contra-ataques. Numa dessas enfiadas, Messi deixou Iniesta livre para bater de bico e abrir o placar. O Barça poderia ter feito mais, mas, em lançamentos que tiveram falha de marcação, Messi e Neymar perderam gols na cara do goleiro Diego López.

Então, a lenda criada por Muricy Ramalho não se limitou ao nosso território, pousou no Santiago Bernarbéu, e a bola puniu. Em dois lances parecidíssimos, a avenida Daniel Alves permitiu que Di María, melhor jogador da primeira etapa, fizesse duas boas jogadas e deixasse Benzema na cara do gol para virar o jogo. Na terceira, Piqué salvou a bola em cima da linha e impediu que o Real ampliasse o placar.

Bola que pune lá, pune cá. Se o Real não soube fazer o terceiro, Messi não perdoou. Confusão na área, a bola sobra para ele e morre nas redes. Fim de um ótimo primeiro tempo, 2x2.

Na volta, os madridistas também começaram melhor e logo começaram as polêmicas, ponto necessário de todo bom clássico. Em uma falta fora da área, o árbitro marca pênalti para o Real, e Cristiano Ronaldo, sumido até então, põe o time de volta na frente.

Menos de dez minutos depois, mais um pênalti, agora para o outro lado. Messi aciona Neymar, impedido, pela direita e ele é derrubado por Sérgio Ramos, que é expulso com razão. O argentino converteu a cobrança e empatou novamente o superclássico.


















Chegando ao fim da partida, Iniesta é derrubado na área e é marcado mais um pênalti. Messi marcou com categoria outra vez, garantiu a vitória e embolou de vez o Campeonato Espanhol.

No geral, foi um ótimo jogo e muitas ponderações podem ser feitas a seu respeito:

Neymar foi muito mal durante toda a partida e precisa melhorar o rendimento, mesmo com a pressão da polêmica que gira em torno de sua transferência. Jogando pela direita perdeu muitas bolas que geraram contra-ataques.

A arbitragem é ruim em todo o mundo. A falta do primeiro pênalti ocorreu fora da área e o erro poderia ser evitado com o uso da tecnologia. É um absurdo uma instituição como a UEFA ser presidida por Platini, que é contra o avanço do esporte. No segundo pênalti, Neymar estava impedido e a falha foi, portanto, do bandeira. A falta existiu e a expulsão foi correta. No último pênalti, tudo correto.

Mais uma vez, Messi levou a melhor sobre CR7 em um confronto direto. A freguesia segue até agora, com Ronaldo sendo o melhor do mundo.

Quem se deu bem com o resultado foi o Atlético de Madrid, que só depende de si para ser campeão. O melhor Campeonato Espanhol dos últimos anos tende a ser decidido na última rodada, em Barcelona, no duelo entre os donos da casa e o Atlético.

Se o Brasil nos brindou neste domingo com amistosos entre os grandes e Ituanos país afora, ao menos tivemos a sorte de a Espanha nos oferecer este, literalmente, superclássico.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 20 de março de 2014

"Guerra"

Se outro dia, escrevendo aqui sobre o Botafogo, eu disse que a lição recebida pelo time valeu mais que os três pontos em disputa no jogo, hoje nada poderia valer mais que a vitória para o Cruzeiro.

O time esteve disposto a não conquistá-la desde o início de jogo. Entrou nervoso, fazendo muitas faltas e caçando brigas. Dagoberto, novamente, entendeu errado a ideia de que Libertadores é guerra.

Desde o ano passado, o que sempre me pareceu faltar no Cruzeiro era a maldade. Não a maldade que teve em 2009 com as cotoveladas frequentes do Kléber, e sim a malandragem que ganha o jogo no psicológico.

Talvez aquele primeiro volante com cara de assassino, talvez o atacante marrento que irrita os zagueiros adversários só por sua presença. Lembra de quando o zagueiro do Boca tentou colocar a mão no rosto do Sheik e ele mordeu a mão do argentino em vez de soltar a sola na canela dele no lance seguinte? Então, é isso.

A tal guerra da Libertadores se faz com um grito na cara, uma provocação na grande área e uma mão sobrando quando ninguém está vendo, não com uma tesoura com o árbitro do seu lado. A pancada na malandragem do futebol não precisa necessariamente doer, o mais importante é irritar o adversário.



Colocando a bola no chão e jogando, o Cruzeiro pode vencer qualquer time do torneio, mas hoje os jogadores preferiram vestir o uniforme errado. A imagem que tenho do Cruzeiro nesta Libertadores é de um time de mocinhos que ainda não aprenderam a enfrentar vilões, mas acham que podem fazê-lo.

E com os vilões uruguaios sabendo usar a pilha com que os brasileiros entraram, o primeiro tempo acabou com uma expulsão para cada lado, o que até favoreceu o jogo rápido do Cruzeiro, tensão entre os jogadores e a vitória dos mineiros.

Mais um belo gol do Cruzeiro, e 2x0. O jogo esteve ganho por um minuto, até que Dedé falhou e os uruguaios descontaram. Deste ponto até o empate, dava para terem saído alguns gols do Cruzeiro, que controlou bem a partida até o penúltimo lance de jogo. No último, mais uma falha da defesa celeste e o Defensor fez valer toda a catimba.

Foram duas falhas durante a partida que custaram a tranquilidade no grupo e no duelo que poderia decidir o primeiro colocado. Agora o jogo no Chile virou decisão, e nem a vitória garante o avanço ao mata-mata.

Que o Cruzeiro enfrente a Universidad de Chile desta vez sabendo qual é o seu papel: O dos jogadores de futebol superiores tecnicamente e capazes de buscar a classificação. Querendo ser o vilão da peça, já pode deixar o sonho do tricampeonato para outro ano.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Virou drama

O Flamengo está acostumado à Libertadores e sabe que, na fase de grupos, fazer 9 pontos em casa é obrigação. Com essa pontuação garantida, arrancar um empate fora basta para avançar ao mata-mata.

Ao empatar em casa com o Bolívar, o time se colocou na obrigação de conquistar, fora de casa, os pontos perdidos no Brasil. Uma meta complicada, porém possível.

Não que o Fla pudesse se dar ao luxo de escolher em qual jogo fora de casa iria pontuar, mas certamente a situação seria mais fácil contra o Bolívar, que é o time mais fraco do grupo.

Hoje o time até lutou, mas foi mal na defesa durante todo o jogo, e a derrota foi uma consequência justa que dispensa desculpas. Se a bola corre mais na Bolívia, era isso para os dois lados. A tal preparação para a altitude poderia ter começado na quinta-feira, após o empate no Maracanã. Os rubro-negros estavam de folga nas últimas duas rodadas do Carioca, e o foco sempre foi a Libertadores.



Sobrou para Guayaquil, contra o Emelec, onde o ambiente será muito mais hostil. Não é possível deixar de tocar nas lembranças da eliminação trágica de 2012, que teve nos equatorianos os maiores vilões. O estádio é menor, a torcida fica próxima ao gramado e a pressão começará no trajeto do hotel ao estádio, com os torcedores jogando objetos no ônibus. Resumindo, será um jogo com a essência da Libertadores.

Agora só a vitória interessa. O time transformou o jogo no caldeirão em uma decisão e a ferida que ainda não fechou desde 2012 arderá mais uma vez em um drama desnecessário.

Se vencer e passar, o Flamengo já mostrou que é chato de segurar em mata-mata. Se não der certo, as derrotas fora de casa serão lembradas e o Emelec será elevado a uma posição mística.

Porém, o drama foi construído no Maracanã lotado, contra o Bolívar, com duas falhas da defesa e estando mais de uma vez a frente no placar.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Bem vindo, Fogão!

O Botafogo ficou dezoito anos sem jogar uma Libertadores, tempo suficiente para uma geração de torcedores crescer sem conhecer o torneio, e o time desaprender a jogá-lo. Os primeiros jogos deram a impressão de que o Fogão havia absorvido o espírito necessário para ser campeão.

Viu que altitude ganha jogo, mas que impor seu jogo em casa vale mais. Atropelou na Pré-Libertadores. Contra os argentinos, mestres da catimba, não teve medo e também passou por cima. Aprendeu que em casa é ganhar ou ganhar. No Chile, descobriu que empate fora é ótimo resultado. Mas ainda faltava algo, e veio nesta quarta-feira.




Um lance que não prometia muita coisa, falta. Confusão e duas expulsões em um minuto. A reclamação é compreensível, assim como as ações do árbitro. Bolívar foi inocente ao dar uma entrada dura já tendo um cartão amarelo. No Brasil talvez fosse só falta. Lá, é pra mais um cartão.

A Libertadores é (mal) organizada pela Conmebol. O celeiro da instituição é terra sem dono, e nele tudo vale. Nem tanto. Edílson quis virar dono da terra de ninguém, mostrou que é macho e peitou o árbitro. No Maracanã lotado, o juiz teria medo de atuar. Lá, é rua. Com razão, diga-se.

Alvinegros, sigam na competição sem botar a culpa na arbitragem. O time jogou mal o tempo todo, e se não fosse por Jefferson, a derrota viria já no primeiro tempo. Os que reclamam das justas expulsões talvez nem se lembrem do gol mal anulado do Independiente, no primeiro tempo. Antes de tendenciosos, os árbitros são ruins, mesmo, e reclamar não adianta nada.

Não foi um desastre, mas ele pode vir. E para evitá-lo, basta aprender com os erros de hoje. Derrotas como essa, na fase de grupos, trazem lições que valem mais que os três pontos.

Vocês talvez achem estranho, e pelo tempo longe disso, eu entendo. Mas aos poucos vão pegar o espírito. 

Um campo digno de Estadual, um adversário provocador, altitude e arbitragem polêmica, tudo no mesmo pacote. Botafoguenses, bem vindos de vez à Libertadores.

Abraços, @Rafael_Araca.

terça-feira, 11 de março de 2014

Inexplicável

Tinha tudo pra ser o jogo mais tranquilo entre os feitos longe do Mineirão. Nível do mar, adversário nada espetacular e arquibancadas vazias . Eis que surge o inexplicável.

A sintonia sumiu, as jogadas geniais não aconteceram e os passes chegaram quadrados. O campo que era pequeno, e facilitaria os contra-ataques, ficou grande, e os reservas de qualidade não surtiram efeito. E para espanto geral, nem o gol que naturalmente surgia apareceu.

Do lado de lá, muita vontade. Se até o Real Garcilaso ganhou do campeão brasileiro, por que eu não posso? Com dribles decisivos e a estrela de um brasileiro desconhecido, puderam.

Cá, Éverton Ribeiro pisou na bola, Bruno Rodrigo errou na marcação e o pênalti perdido talvez nem tenha sido o que de pior Dagoberto fez.



Explicação? Não encontrei. Nelson Rodrigues provavelmente faria o mesmo, e jogaria na conta do Sobrenatural de Almeida.

Mas o que seria do futebol sem o inexplicável? Há um ano atrás, foi ele quem fez o grupo em que ninguém botava fé se tornar o Cruzeiro de hoje. Então relaxem, cruzeirenses.

Deixem o inexplicável brincar de futebol. Vai que ele volta com uma taça, como fez em 97.

Abraços, @Rafael_Araca.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Pré-jogo: Juazeiro x Tupi

A Copa do Brasil começa nesta quarta-feira para o Tupi. O Galo Carijó irá a Juazeiro, na Bahia, enfrentar o Juazeiro Social Clube no estádio Adauto Moraes, com capacidade para 8 mil pessoas, às 20:30, horário de Brasília.

Mesmo vindo de derrota no Estadual para o Cruzeiro, por 2x1, o Tupi está com a moral alta. Ainda com grandes chances de classificação para a semifinal do Campeonato Mineiro, o treinador Paulo Campos elogiou a postura do time diante da Raposa e disse que a torcida tem de ficar orgulhosa da equipe.

O time juizforano fará uma maratona para poder estreiar na Copa do Brasil. Saindo de Juiz de Fora, os jogadores passarão por Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Petrolina, até chegar à casa do adversário. Apesar dos contratempos, o Galo irá com força total em busca da classificação, tendo em vista o regulamento do torneio, que define que uma vitória por dois gols de diferença do visitante, nas duas primeiras fases, elimina o jogo de volta.

O Juazeiro, time mais tradicional de sua cidade, e que tem o carinho da maioria da população, não vem fazendo um bom ano, tendo sido rebaixado no Campeonato Baiano. Porém, o Tricolor das Carrancas vê no duelo contra os mineiros a chance da reabilitação em uma temporada ruim.

Após o fim de sua participação no Estadual, o Juazeiro passou por uma série de dispensas no elenco. Houve troca de treinador, em que Janilson Silva deu lugar a Aldo França no comando da equipe, e algumas contratações foram feitas. O atacante Júnior, ex-Bahia e Camaçari, e o zagueiro Maílson, já conhecido do torcedor tricolor, são as principais novidades para a Copa do Brasil. A esperança da torcida é o atacante Jean, prata da casa e artilheiro da equipe no Campeonato Baiano.

Nas últimas semanas, o Juazeiro fez dois amistosos contra combinados locais, e venceu ambos, o que aumentou a motivação do elenco, que está confiante para o duelo contra o Tupi.

O Tupi deve ir a campo com o mesmo time que jogou as últimas partidas: Jordan; Henrique, Helder, Fabrício Soares e Toledo; Felipe Lima, Genalvo e Maguinho; Nubio, Aguiar e Wesley. A escalação do Juazeiro ainda não foi definida.

O confronto de volta está marcado para o dia 9 de abril, em Juiz de Fora.

Agradecimentos a Bruno Lopes, assessor de imprensa do Juazeiro Social Clube, que cedeu informações sobre o elenco do Tricolor das Carrancas.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Duas caras

Início de temporada no futebol brasileiro é sempre igual. Os clubes grandes, aos poucos, voltam ao ritmo ideal, perdem jogos para os pequenos e fazem as mesmas reclamações. "Os times pequenos têm um tempo maior de pré-temporada", alegam. Nas primeiras rodadas dos Estaduais, aceitável. Depois disso, não mais.

Este ano, o Botafogo passou deste limite aceitável. Praticamente eliminado do Carioca, o Fogão é o grande que mais decepcionou nos Estaduais de 2014. Muitos dizem ser pelo foco obviamente estar na Libertadores. Não digo que não se deve apostar no maior torneio do continente, inclusive acho correto, mas isso já não serve como motivo para o fiasco no Carioca..


É impressionante a diferença de vontade dos jogadores do Botafogo jogando pela Libertadores e pelo Carioca. O time que luta o tempo todo e enfrenta adversários fortes nas quartas-feiras sofre com a apatia nos finais de semana contra oponentes medíocres. Tática, física e tecnicamente, o Botafogo é infinitamente melhor que qualquer time do interior. O que falta é vontade. E respeito.

Jogar a Libertadores não é desculpa para abandonar o Carioca, não há explicação. É falta de respeito com a torcida.

O botafoguense ama o time contra o San Lorenzo e também contra o Audax. O botafoguense que vibra com a raça contra o Unión Española é o mesmo que sofre pela derrota para o Macaé. Botafoguense é Botafogo de segunda a segunda, não só nos torneios grandes.

Já que a classificação é vista como milagre, que corram atrás e transformem-na em realidade. Se não der, ao menos a camisa alvinegra terá sido respeitada como merece.

Tem coisas que só acontecem com Botafogo.

E tem coisas que o Botafogo quer que só aconteçam com ele.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Veni, vidi, vici

De todas as características possíveis em um ídolo, uma é inevitável: a capacidade de despertar sentimentos em quem o acompanha. E no futebol, isso não necessariamente se atrela à qualidade ou às conquistas do atleta.

Hernane é esse tipo de jogador. Inicialmente desacreditado pelos flamenguistas, teve um segundo semestre surreal em 2013. Para os rubro-negros, virou craque e jogador de Seleção. Para os rivais, sortudo e perna-de-pau.

"Não sabe dominar e se complica com três toques na bola". Ok, inegável. Tão inegável quanto o fato de que não precisa de mais de um toque para matar um jogo.

De mais um artilheiro de campeonato de baixo nível contratado pelo Flamengo, virou o nome de um título inacreditável. Do único torneio que não foi artilheiro, foi o vice. De "aquele Hernane", virou Brocador. E brocou. Trinta e seis vezes em um ano.

Criou uma ligação poucas vezes antes vista com um estádio. Não foi um estádio qualquer. Foi o estádio. Maracanã e Hernane virou sinônimo de gols.


Hernane não é craque, e ele sabe disso. Talvez por isso seja tão bom. Humilde, sem inventar dribles nem precisar dominar a bola, foi o melhor atacante do Brasil em 2013.

Hernane veio, viu um ano sensacional, e venceu.

Figura simpática, virou uma marca. Uma marca tão cara que fica difícil de segurar no Brasil.

Ainda não é oficial, mas a lógica é que o Brocador vá para a China. Muito dinheiro para Hernane, mais ainda para o Flamengo. A torcida se despede sorrindo de quem a fez feliz até no jogo da despedida, e Hernane sai pela porta da frente de quem o criou para o futebol. Bom para todos.

E "aquele Hernane", será lembrado por muitos anos como "Hernane, aquele".

Aquele que não tinha habilidade. Aquele que não dominava direito. Aquele que fazia besteira no terceiro toque na bola.

Aquele que, apesar disso, já fez gol no seu time.

Abraços, @Rafael_Araca

Ps: Algumas horas após este texto ser escrito, Hernane deu sua resposta oficial: Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação Rubro-Negra, digam ao povo que o Brocador fica!

terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

Por música

A Universidad de Chile pratica o futebol da escola chilena: Joga e deixa jogar. Em 2011, com um meio-campo leve, passes rápidos e um ataque decisivo, deu show. Em 2014, sem as principais peças daquele elenco vencedor, não passa de um time razoável que não consegue criar jogadas e deixa espaços na defesa.

O Cruzeiro, absoluto campeão brasileiro, dispensa apresentações. Se muitos falam que no papel o time é fraco, eu vejo aí a maior virtude do grupo. Marcelo Oliveira segue encaixando muito bem os jogadores e o time continua dando liga. O volante Rodrigo Souza, última descoberta do treinador, é um xerife no meio-campo, e Marlone, promessa do Vasco, mostra que em breve será uma realidade no Cruzeiro.



Hoje tivemos a prova de que o futebol de 2013 ainda está vivo no Cruzeiro. A troca de posições no ataque cruzeirense confundiu a marcação adversária do primeiro ao último minuto de jogo. Se o primeiro jogo na Libertadores preocupou os cruzeirenses, a tarde de hoje mostrou que o time vem mais forte que nunca rumo ao terceiro título continental.

Se em casa a La U é no máximo um bom time, fora é prato feito para qualquer equipe brasileira. E o Cruzeiro, gigante em qualquer lugar, no Mineirão é um monstro. Tão monstro que não precisou de mais de um tempo para matar a partida, e usou a segunda etapa para melhorar o saldo de gols.

Foi uma goleada para ninguém botar defeitos. Vindo do Cruzeiro, um show já esperado.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

Racismo, não!

Eu poderia falar de um primeiro tempo bem jogado do Cruzeiro ou de uma terrível segunda etapa.  Poderia citar a altitude, o gramado ruim e até a catimba do Real Garcilaso, vencedor por merecimento inclusive, mas nada disso interessa mais.

Hoje tivemos mais uma prova de que o ser humano falhou como espécie. De todas, a única capaz de discriminar seu semelhante pela cor da pele. Uma vergonha. Para quem não sabe, a torcida do Real, em número de milhares, entoou sons próximos ao de um macaco todas as vezes em que Tinga, negro, tocou na bola. Sem dúvidas, o racismo é a atitude mais imbecil que existe.

Seguindo a lógica da FIFA, o time peruano deveria ser expulso da Libertadores e banido de competições internacionais durante alguns anos. Porém, conhecemos a Conmebol e sabemos da incompetência da instituição. Há décadas vemos rojões voando em campo e em torcedores, brigas de torcedores e outros episódios de discriminação racial, todos sob o celeiro da Conmebol, e nada nunca foi feito. Esperar alguma atitude severa e justa é sonhar alto demais.


A justiça mais uma vez terá de ser feita no campo. No dia 09/04, o Garcilaso vem ao Brasil pela última rodada da fase de grupos. A torcida cruzeirense está convocada para lotar o Mineirão e fazer os jogadores adversários tremerem como nunca imaginaram ser possível em suas vidas.

Tinga é um grande vencedor, ídolo no Brasil e na Europa, e não precisa se preocupar com a atitude de alguns idiotas. Deve ter mais no banco que a soma de todos os racistas, e com certeza é muito mais bem sucedido que todos. O temor agora deve estar do lado de lá.

Nelson Mandela, o maior negro de todos os tempos, uma vez disse: "Perdoem. Mas não esqueçam!". A torcida do Cruzeiro não perdoa nem esquece.

Os peruanos não sabem com quem mexeram. Se Tinga é macaco, está no lugar certo. A América teme o Cruzeiro por ser a "Bestia Negra".

Em abril, a justiça será feita em forma de vingança.

Real Garcilaso, prepare-se para o inferno negro de Belo Horizonte.

Abraços, @Rafael_Araca.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

[OFF] Alvo errado

Com o declínio das discussões sobre os famigerados "rolezinhos", eis que surge um novo debate na sociedade brasileira. Grupos de pessoas que intitulam-se "Justiceiros" vêm prendendo bandidos e fazendo justiça com as próprias mãos. Após a denúncia de um membro de ONG de apoio aos direitos humanos, que encontrou um criminoso amarrado a um poste no Rio de Janeiro, espancado, com parte da orelha cortada e nu, notícias afins a esta espalharam-se por todo o país.

Dois lados da discussão foram criados acerca do fato: Os defensores dos direitos humanos criticam ferrenhamente os "justiceiros", enquanto, com argumentos como "bandido bom é bandido morto", outro grupo de pessoas defende os atos.

O debate foi amplificado com a declaração da jornalista Rachel Sheherazade, âncora de um jornal do SBT, que você pode ver a seguir:




Com essa nada discreta declaração(típico da comunicadora), Rachel alcançou os Trending Topics do Twitter e chegou inclusive a roubar o posto dos justiceiros, tornando-se o alvo dos defensores dos direitos humanos. Porém, fica a dúvida: Atacar uma pessoa que expôe sua opinião e informações verídicas ajuda nosso país em que? Rachel foi infeliz em sua declaração. "Adote um bandido" é uma frase impactante, porém vazia e aberta a diversas interpretações, muitas vezes também infelizes.

É absurdo apoiar pessoas que decepam membros de outras para fazer justiça. Essa prática remete a nada além de uma anarquia, uma sociedade sem Estado em que cada um faz o que quer e o território se aproxima ao palco de batalhas campais.

Mas o que impressiona é a falta de foco nas críticas. Atacar somente jornalistas, criminosos(literalmente) ou os tais justiceiros não resolve a situação. Bandidos se formam pela ineficiência do sistema penitenciário, somado a uma polícia fraca e corrompida e um sistema educacional digno de pena. Quem causam todos estes problemas são os políticos que controlam o país, mas eles foram excluídos da discussão. Apoiar a prisão de um marginal a todo custo ou os direitos humanos tornou-se muito mais importante que encontrar uma solução.

O alvo de toda a população deveria ser a violência presente no nosso cotidiano. Para cada assaltante amarrado em um poste no país, 50 mil cidadãos são roubados, e não se vê comoção alguma de qualquer setor da sociedade. Se nos preocupássemos mais com a raiz do problema, e não com seus frutos, certamente não estaríamos passando por isso.

A esquerda chama a direita de "fascista". A direita chama a esquerda de "petralha".

Os políticos e os bandidos? Seguem nos chamando de otários.

Mas segue o jogo, o país está ótimo. Imagina a festa!

Abraços, @Rafael_Araca.

terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

Imortal conhece seu caminho

Grêmio é o segundo time brasileiro a conhecer todos seus adversários na Libertadores deste ano.

Nesta noite o Grêmio conheceu seu último oponente na fase de grupos da Libertadores da América. Em partida no Uruguai, pela fase de Pré-Libertadores, o Nacional derrotou o Oriente Petrolero, da Bolívia, por 2x0. No duelo de ida, o Oriente havia vencido somente por 1x0 e por isso está fora do torneio.

Apesar da vitória, a equipe uruguaia não teve boa exibição. Abusando de jogadas aéreas, os tricolores, como são chamados em seu país, abriram o placar em cabeçada de Alonso, jogador mais perigoso do time e único atleta com boa atuação. Na segunda etapa, após falha grotesca do goleiro dos bolivianos, De Pena decretou a classificação dos donos da casa. Além da bela partida de Alonso, pode-se destacar o veterano Recoba como arma dos uruguaios nas bolas paradas.

Na fase de grupos, o tricolor gaúcho encarará, além do Nacional, Nacional de Medellín, da Colômbia, e o Newell's Old Boys, semifinalista da última edição. Considerado pela maioria o grupo da morte, o grupo 6 tem três vencedores da competição, sendo o Newell's o único time a nunca ter vencido uma Libertadores. Porém, a equipe argentina é a que deve dar mais trabalho aos gremistas. Com experientes jogadores, como Maxi Rodríguez, Trezeguet, Heinze e Banega, última contratação do time, o rubro-negro chega à competição como melhor clube do país.

A saga rumo ao terceiro título continental para o Imortal começa na próxima quinta-feira contra o Nacional, no Uruguai.



Abraços, @Rafael_Araca.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

Tupi x Minas Futebol

Em jogo de poucas oportunidades, Galo Carijó faz boa estreia em casa


Numa tarde de forte calor, ambos os times entraram em campo com duas linhas de quatro bem definidas e dois atacantes. Do lado do Tupi, Núbio Flávio e Da Silva. Pelo Minas, de Sete Lagoas, Dalmo e o veterano Fábio Júnior vieram com a proposta de jogar nas costas dos defensores carijós.

Logo aos 4 minutos do primeiro tempo, Dalmo foi posto cara a cara com o goleiro Jordan, que fez boa defesa. No rebote, Fábio Júnior chutou para fora. A tática do Minas foi usada durante toda a partida e gerou diversos impedimentos, o que travou o jogo, principalmente, no primeiro tempo.

Aos 36 minutos, Núbio Flávio antecipou o marcador e, de peixinho, abriu o marcador para o Tupi, marcando o primeiro gol do Galo em Juiz de Fora no ano. Porém, a torcida carijó não pôde comemorar por muito tempo. Dois minutos após o gol de Núbio, Jordan falhou e Fábio Júnior só escorou de cabeça para as redes, 1x1.

Quando o primeiro tempo parecia que iria terminar sem emoções, em uma bola lançada do campo de defesa, Da Silva saiu de frente ao goleiro Cristiano, do Minas. Quando ia chutar, o atacante foi derrubado pelo zagueiro Micão, que recebeu o cartão vermelho. Na cobrança da falta, a bola passou por cima do gol, e a primeira etapa foi encerrada.

Na entrada do segundo tempo, Wilson Gottardo fez a substituição que mudaria o jogo: O ídolo do Tupi, Ademílson, entrou no lugar de Miguel. O jogo continuou com poucas chances para ambos os lados, até que em nova jogada aérea, aos 20 minutos, Ademílson completou para o fundo das redes. Aos 35, Magnum sofreu pênalti e Ademílson o converteu com categoria, ao som do tradicional canto da torcida "Ah, é Ademílson", dando números finais ao jogo. Ainda no segundo tempo, Sidnei agrediu o adversário e foi expulso. Mais uma vitória do time juizforano, que não perde dentro de casa desde o Campeonato Mineiro de 2013, em duelo contra o Cruzeiro.

Com a vitória, o Galo Carijó vai a 4 pontos e dorme ao menos na segunda colocação do Campeonato Mineiro e quase certeza de permanência no G4. O Minas se mantém com 1 ponto, próximo à zona de rebaixamento.

Na próxima rodada, o time de Juiz de Fora viaja a Patos de Minas para enfrentar a URT, enquanto o Minas vai a Divinópolis para partida contra o Guarani.


quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Favoritos

Toda boa história heróica precisa de um vilão, e isto não é diferente no futebol. Um título não tem graça se não houver luta ou sofrimento. Para isso, inventou-se o famigerado "contra tudo e todos". Mas quando não há vilões, o que fazer? Passar por cima de todos e levantar uma taça insossa? Não, você inventa adversidades.

Esse é o panorama dos times brasileiros na Libertadores, mais uma vez. Com os países vizinhos afundados em crises econômicas, os times tradicionais cada vez mais fracos e fraquíssimas safras de clubes emergentes, fica com o Brasil o posto de absoluto favorito a mais um título continental.

Flamengo e Botafogo têm no seu maior adversário os fatores naturais. A distância do Rio aos jogos fora de casa e a altitude são as esperanças dos fraquíssimos oponentes, que costumeiramente só atuam bem em seus países. O rubro-negro tem pela frente o Bolívar, com seu ar rarefeito de La Paz, e o León, do absurdamente distante México. Já o Botafogo joga a primeira fase na altitude de Quito e destaca sua inexperiência na competição para a exaltação de uma possível epopeia alvinegra.

Cruzeiro e Atlético são absurdamente melhores que seus rivais, de um modo que a invenção de adversidades chega a ser difícil. Do lado azul de Belo Horizonte, um jogo na altitude e o franco favoritismo. Para o Galo, com um grupo facílimo, o pensamento já pode ir para as oitavas-de-final.

O Grêmio ficou no grupo mais difícil da competição, o que não remove seu favoritismo. Um bom elenco e a tradição farão sua parte e o tricolor chegará à fase de mata-mata.

O Atlético Paranaense, mais fraco dos brasileiros, é superior ao seu adversário da pré-Libertadores e tem condições de passar sem problemas do seu futuro grupo.

Não há porque duvidar que teremos 6 brasileiros na segunda fase da Libertadores, e um deles levantando a taça. Hoje veremos o começo disso tudo.

Se formos encarar a realidade, é só mais um ano, é só mais uma Libertadores. Sem dragões em moinhos de vento, que comecem os jogos e vença o melhor brasileiro.

Abraços, @Rafael_Araca.