O Botafogo ficou dezoito anos sem jogar uma Libertadores, tempo suficiente para uma geração de torcedores crescer sem conhecer o torneio, e o time desaprender a jogá-lo. Os primeiros jogos deram a impressão de que o Fogão havia absorvido o espírito necessário para ser campeão.
Viu que altitude ganha jogo, mas que impor seu jogo em casa vale mais. Atropelou na Pré-Libertadores. Contra os argentinos, mestres da catimba, não teve medo e também passou por cima. Aprendeu que em casa é ganhar ou ganhar. No Chile, descobriu que empate fora é ótimo resultado. Mas ainda faltava algo, e veio nesta quarta-feira.
Um lance que não prometia muita coisa, falta. Confusão e duas expulsões em um minuto. A reclamação é compreensível, assim como as ações do árbitro. Bolívar foi inocente ao dar uma entrada dura já tendo um cartão amarelo. No Brasil talvez fosse só falta. Lá, é pra mais um cartão.
A Libertadores é (mal) organizada pela Conmebol. O celeiro da instituição é terra sem dono, e nele tudo vale. Nem tanto. Edílson quis virar dono da terra de ninguém, mostrou que é macho e peitou o árbitro. No Maracanã lotado, o juiz teria medo de atuar. Lá, é rua. Com razão, diga-se.
Alvinegros, sigam na competição sem botar a culpa na arbitragem. O time jogou mal o tempo todo, e se não fosse por Jefferson, a derrota viria já no primeiro tempo. Os que reclamam das justas
expulsões talvez nem se lembrem do gol mal anulado do Independiente, no
primeiro tempo. Antes de tendenciosos, os árbitros são ruins, mesmo, e reclamar não adianta nada.
Não foi um desastre, mas ele pode vir. E para evitá-lo, basta aprender com os erros de hoje. Derrotas como essa, na fase de grupos, trazem lições que valem mais que os três pontos.
Vocês talvez achem estranho, e pelo tempo longe disso, eu entendo. Mas aos poucos vão pegar o espírito.
Um campo digno de Estadual, um adversário provocador, altitude e
arbitragem polêmica, tudo no mesmo pacote. Botafoguenses, bem vindos de vez à
Libertadores.
Abraços, @Rafael_Araca.