Se outro dia, escrevendo aqui sobre o Botafogo, eu disse que a lição recebida pelo time valeu mais que os três pontos em disputa no jogo, hoje nada poderia valer mais que a vitória para o Cruzeiro.
O time esteve disposto a não conquistá-la desde o início de jogo. Entrou nervoso, fazendo muitas faltas e caçando brigas. Dagoberto, novamente, entendeu errado a ideia de que Libertadores é guerra.
Desde o ano passado, o que sempre me pareceu faltar no Cruzeiro era a maldade. Não a maldade que teve em 2009 com as cotoveladas frequentes do Kléber, e sim a malandragem que ganha o jogo no psicológico.
Talvez aquele primeiro volante com cara de assassino, talvez o atacante marrento que irrita os zagueiros adversários só por sua presença. Lembra de quando o zagueiro do Boca tentou colocar a mão no rosto do Sheik e ele mordeu a mão do argentino em vez de soltar a sola na canela dele no lance seguinte? Então, é isso.
A tal guerra da Libertadores se faz com um grito na cara, uma provocação na grande área e uma mão sobrando quando ninguém está vendo, não com uma tesoura com o árbitro do seu lado. A pancada na malandragem do futebol não precisa necessariamente doer, o mais importante é irritar o adversário.
Colocando a bola no chão e jogando, o Cruzeiro pode vencer qualquer time do torneio, mas hoje os jogadores preferiram vestir o uniforme errado. A imagem que tenho do Cruzeiro nesta Libertadores é de um time de mocinhos que ainda não aprenderam a enfrentar vilões, mas acham que podem fazê-lo.
E com os vilões uruguaios sabendo usar a pilha com que os brasileiros entraram, o primeiro tempo acabou com uma expulsão para cada lado, o que até favoreceu o jogo rápido do Cruzeiro, tensão entre os jogadores e a vitória dos mineiros.
Mais um belo gol do Cruzeiro, e 2x0. O jogo esteve ganho por um minuto, até que Dedé falhou e os uruguaios descontaram. Deste ponto até o empate, dava para terem saído alguns gols do Cruzeiro, que controlou bem a partida até o penúltimo lance de jogo. No último, mais uma falha da defesa celeste e o Defensor fez valer toda a catimba.
Foram duas falhas durante a partida que custaram a tranquilidade no grupo e no duelo que poderia decidir o primeiro colocado. Agora o jogo no Chile virou decisão, e nem a vitória garante o avanço ao mata-mata.
Que o Cruzeiro enfrente a Universidad de Chile desta vez sabendo qual é o seu papel: O dos jogadores de futebol superiores tecnicamente e capazes de buscar a classificação. Querendo ser o vilão da peça, já pode deixar o sonho do tricampeonato para outro ano.
Abraços, @Rafael_Araca.