quarta-feira, 26 de fevereiro de 2014

Veni, vidi, vici

De todas as características possíveis em um ídolo, uma é inevitável: a capacidade de despertar sentimentos em quem o acompanha. E no futebol, isso não necessariamente se atrela à qualidade ou às conquistas do atleta.

Hernane é esse tipo de jogador. Inicialmente desacreditado pelos flamenguistas, teve um segundo semestre surreal em 2013. Para os rubro-negros, virou craque e jogador de Seleção. Para os rivais, sortudo e perna-de-pau.

"Não sabe dominar e se complica com três toques na bola". Ok, inegável. Tão inegável quanto o fato de que não precisa de mais de um toque para matar um jogo.

De mais um artilheiro de campeonato de baixo nível contratado pelo Flamengo, virou o nome de um título inacreditável. Do único torneio que não foi artilheiro, foi o vice. De "aquele Hernane", virou Brocador. E brocou. Trinta e seis vezes em um ano.

Criou uma ligação poucas vezes antes vista com um estádio. Não foi um estádio qualquer. Foi o estádio. Maracanã e Hernane virou sinônimo de gols.


Hernane não é craque, e ele sabe disso. Talvez por isso seja tão bom. Humilde, sem inventar dribles nem precisar dominar a bola, foi o melhor atacante do Brasil em 2013.

Hernane veio, viu um ano sensacional, e venceu.

Figura simpática, virou uma marca. Uma marca tão cara que fica difícil de segurar no Brasil.

Ainda não é oficial, mas a lógica é que o Brocador vá para a China. Muito dinheiro para Hernane, mais ainda para o Flamengo. A torcida se despede sorrindo de quem a fez feliz até no jogo da despedida, e Hernane sai pela porta da frente de quem o criou para o futebol. Bom para todos.

E "aquele Hernane", será lembrado por muitos anos como "Hernane, aquele".

Aquele que não tinha habilidade. Aquele que não dominava direito. Aquele que fazia besteira no terceiro toque na bola.

Aquele que, apesar disso, já fez gol no seu time.

Abraços, @Rafael_Araca

Ps: Algumas horas após este texto ser escrito, Hernane deu sua resposta oficial: Se é para o bem de todos e felicidade geral da Nação Rubro-Negra, digam ao povo que o Brocador fica!