domingo, 23 de março de 2014

Superclássico

"Brasil está vazio na tarde de domingo, né?". Porém, desta vez não foi pelo nosso futebol, preso às deprimentes partidas dos falidos Estaduais. Barcelona e Real Madrid fizeram mais um jogo inesquecível, com direito a tudo que um grande clássico precisa.



















O primeiro tempo começou com ambas as defesas falhando muito. Pelo Barça, Daniel Alves foi muito mal defendendo. Pelo Real, a marcação em linha deixava os rivais chegarem em bolas enfiadas e contra-ataques. Numa dessas enfiadas, Messi deixou Iniesta livre para bater de bico e abrir o placar. O Barça poderia ter feito mais, mas, em lançamentos que tiveram falha de marcação, Messi e Neymar perderam gols na cara do goleiro Diego López.

Então, a lenda criada por Muricy Ramalho não se limitou ao nosso território, pousou no Santiago Bernarbéu, e a bola puniu. Em dois lances parecidíssimos, a avenida Daniel Alves permitiu que Di María, melhor jogador da primeira etapa, fizesse duas boas jogadas e deixasse Benzema na cara do gol para virar o jogo. Na terceira, Piqué salvou a bola em cima da linha e impediu que o Real ampliasse o placar.

Bola que pune lá, pune cá. Se o Real não soube fazer o terceiro, Messi não perdoou. Confusão na área, a bola sobra para ele e morre nas redes. Fim de um ótimo primeiro tempo, 2x2.

Na volta, os madridistas também começaram melhor e logo começaram as polêmicas, ponto necessário de todo bom clássico. Em uma falta fora da área, o árbitro marca pênalti para o Real, e Cristiano Ronaldo, sumido até então, põe o time de volta na frente.

Menos de dez minutos depois, mais um pênalti, agora para o outro lado. Messi aciona Neymar, impedido, pela direita e ele é derrubado por Sérgio Ramos, que é expulso com razão. O argentino converteu a cobrança e empatou novamente o superclássico.


















Chegando ao fim da partida, Iniesta é derrubado na área e é marcado mais um pênalti. Messi marcou com categoria outra vez, garantiu a vitória e embolou de vez o Campeonato Espanhol.

No geral, foi um ótimo jogo e muitas ponderações podem ser feitas a seu respeito:

Neymar foi muito mal durante toda a partida e precisa melhorar o rendimento, mesmo com a pressão da polêmica que gira em torno de sua transferência. Jogando pela direita perdeu muitas bolas que geraram contra-ataques.

A arbitragem é ruim em todo o mundo. A falta do primeiro pênalti ocorreu fora da área e o erro poderia ser evitado com o uso da tecnologia. É um absurdo uma instituição como a UEFA ser presidida por Platini, que é contra o avanço do esporte. No segundo pênalti, Neymar estava impedido e a falha foi, portanto, do bandeira. A falta existiu e a expulsão foi correta. No último pênalti, tudo correto.

Mais uma vez, Messi levou a melhor sobre CR7 em um confronto direto. A freguesia segue até agora, com Ronaldo sendo o melhor do mundo.

Quem se deu bem com o resultado foi o Atlético de Madrid, que só depende de si para ser campeão. O melhor Campeonato Espanhol dos últimos anos tende a ser decidido na última rodada, em Barcelona, no duelo entre os donos da casa e o Atlético.

Se o Brasil nos brindou neste domingo com amistosos entre os grandes e Ituanos país afora, ao menos tivemos a sorte de a Espanha nos oferecer este, literalmente, superclássico.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 20 de março de 2014

"Guerra"

Se outro dia, escrevendo aqui sobre o Botafogo, eu disse que a lição recebida pelo time valeu mais que os três pontos em disputa no jogo, hoje nada poderia valer mais que a vitória para o Cruzeiro.

O time esteve disposto a não conquistá-la desde o início de jogo. Entrou nervoso, fazendo muitas faltas e caçando brigas. Dagoberto, novamente, entendeu errado a ideia de que Libertadores é guerra.

Desde o ano passado, o que sempre me pareceu faltar no Cruzeiro era a maldade. Não a maldade que teve em 2009 com as cotoveladas frequentes do Kléber, e sim a malandragem que ganha o jogo no psicológico.

Talvez aquele primeiro volante com cara de assassino, talvez o atacante marrento que irrita os zagueiros adversários só por sua presença. Lembra de quando o zagueiro do Boca tentou colocar a mão no rosto do Sheik e ele mordeu a mão do argentino em vez de soltar a sola na canela dele no lance seguinte? Então, é isso.

A tal guerra da Libertadores se faz com um grito na cara, uma provocação na grande área e uma mão sobrando quando ninguém está vendo, não com uma tesoura com o árbitro do seu lado. A pancada na malandragem do futebol não precisa necessariamente doer, o mais importante é irritar o adversário.



Colocando a bola no chão e jogando, o Cruzeiro pode vencer qualquer time do torneio, mas hoje os jogadores preferiram vestir o uniforme errado. A imagem que tenho do Cruzeiro nesta Libertadores é de um time de mocinhos que ainda não aprenderam a enfrentar vilões, mas acham que podem fazê-lo.

E com os vilões uruguaios sabendo usar a pilha com que os brasileiros entraram, o primeiro tempo acabou com uma expulsão para cada lado, o que até favoreceu o jogo rápido do Cruzeiro, tensão entre os jogadores e a vitória dos mineiros.

Mais um belo gol do Cruzeiro, e 2x0. O jogo esteve ganho por um minuto, até que Dedé falhou e os uruguaios descontaram. Deste ponto até o empate, dava para terem saído alguns gols do Cruzeiro, que controlou bem a partida até o penúltimo lance de jogo. No último, mais uma falha da defesa celeste e o Defensor fez valer toda a catimba.

Foram duas falhas durante a partida que custaram a tranquilidade no grupo e no duelo que poderia decidir o primeiro colocado. Agora o jogo no Chile virou decisão, e nem a vitória garante o avanço ao mata-mata.

Que o Cruzeiro enfrente a Universidad de Chile desta vez sabendo qual é o seu papel: O dos jogadores de futebol superiores tecnicamente e capazes de buscar a classificação. Querendo ser o vilão da peça, já pode deixar o sonho do tricampeonato para outro ano.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 19 de março de 2014

Virou drama

O Flamengo está acostumado à Libertadores e sabe que, na fase de grupos, fazer 9 pontos em casa é obrigação. Com essa pontuação garantida, arrancar um empate fora basta para avançar ao mata-mata.

Ao empatar em casa com o Bolívar, o time se colocou na obrigação de conquistar, fora de casa, os pontos perdidos no Brasil. Uma meta complicada, porém possível.

Não que o Fla pudesse se dar ao luxo de escolher em qual jogo fora de casa iria pontuar, mas certamente a situação seria mais fácil contra o Bolívar, que é o time mais fraco do grupo.

Hoje o time até lutou, mas foi mal na defesa durante todo o jogo, e a derrota foi uma consequência justa que dispensa desculpas. Se a bola corre mais na Bolívia, era isso para os dois lados. A tal preparação para a altitude poderia ter começado na quinta-feira, após o empate no Maracanã. Os rubro-negros estavam de folga nas últimas duas rodadas do Carioca, e o foco sempre foi a Libertadores.



Sobrou para Guayaquil, contra o Emelec, onde o ambiente será muito mais hostil. Não é possível deixar de tocar nas lembranças da eliminação trágica de 2012, que teve nos equatorianos os maiores vilões. O estádio é menor, a torcida fica próxima ao gramado e a pressão começará no trajeto do hotel ao estádio, com os torcedores jogando objetos no ônibus. Resumindo, será um jogo com a essência da Libertadores.

Agora só a vitória interessa. O time transformou o jogo no caldeirão em uma decisão e a ferida que ainda não fechou desde 2012 arderá mais uma vez em um drama desnecessário.

Se vencer e passar, o Flamengo já mostrou que é chato de segurar em mata-mata. Se não der certo, as derrotas fora de casa serão lembradas e o Emelec será elevado a uma posição mística.

Porém, o drama foi construído no Maracanã lotado, contra o Bolívar, com duas falhas da defesa e estando mais de uma vez a frente no placar.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Bem vindo, Fogão!

O Botafogo ficou dezoito anos sem jogar uma Libertadores, tempo suficiente para uma geração de torcedores crescer sem conhecer o torneio, e o time desaprender a jogá-lo. Os primeiros jogos deram a impressão de que o Fogão havia absorvido o espírito necessário para ser campeão.

Viu que altitude ganha jogo, mas que impor seu jogo em casa vale mais. Atropelou na Pré-Libertadores. Contra os argentinos, mestres da catimba, não teve medo e também passou por cima. Aprendeu que em casa é ganhar ou ganhar. No Chile, descobriu que empate fora é ótimo resultado. Mas ainda faltava algo, e veio nesta quarta-feira.




Um lance que não prometia muita coisa, falta. Confusão e duas expulsões em um minuto. A reclamação é compreensível, assim como as ações do árbitro. Bolívar foi inocente ao dar uma entrada dura já tendo um cartão amarelo. No Brasil talvez fosse só falta. Lá, é pra mais um cartão.

A Libertadores é (mal) organizada pela Conmebol. O celeiro da instituição é terra sem dono, e nele tudo vale. Nem tanto. Edílson quis virar dono da terra de ninguém, mostrou que é macho e peitou o árbitro. No Maracanã lotado, o juiz teria medo de atuar. Lá, é rua. Com razão, diga-se.

Alvinegros, sigam na competição sem botar a culpa na arbitragem. O time jogou mal o tempo todo, e se não fosse por Jefferson, a derrota viria já no primeiro tempo. Os que reclamam das justas expulsões talvez nem se lembrem do gol mal anulado do Independiente, no primeiro tempo. Antes de tendenciosos, os árbitros são ruins, mesmo, e reclamar não adianta nada.

Não foi um desastre, mas ele pode vir. E para evitá-lo, basta aprender com os erros de hoje. Derrotas como essa, na fase de grupos, trazem lições que valem mais que os três pontos.

Vocês talvez achem estranho, e pelo tempo longe disso, eu entendo. Mas aos poucos vão pegar o espírito. 

Um campo digno de Estadual, um adversário provocador, altitude e arbitragem polêmica, tudo no mesmo pacote. Botafoguenses, bem vindos de vez à Libertadores.

Abraços, @Rafael_Araca.

terça-feira, 11 de março de 2014

Inexplicável

Tinha tudo pra ser o jogo mais tranquilo entre os feitos longe do Mineirão. Nível do mar, adversário nada espetacular e arquibancadas vazias . Eis que surge o inexplicável.

A sintonia sumiu, as jogadas geniais não aconteceram e os passes chegaram quadrados. O campo que era pequeno, e facilitaria os contra-ataques, ficou grande, e os reservas de qualidade não surtiram efeito. E para espanto geral, nem o gol que naturalmente surgia apareceu.

Do lado de lá, muita vontade. Se até o Real Garcilaso ganhou do campeão brasileiro, por que eu não posso? Com dribles decisivos e a estrela de um brasileiro desconhecido, puderam.

Cá, Éverton Ribeiro pisou na bola, Bruno Rodrigo errou na marcação e o pênalti perdido talvez nem tenha sido o que de pior Dagoberto fez.



Explicação? Não encontrei. Nelson Rodrigues provavelmente faria o mesmo, e jogaria na conta do Sobrenatural de Almeida.

Mas o que seria do futebol sem o inexplicável? Há um ano atrás, foi ele quem fez o grupo em que ninguém botava fé se tornar o Cruzeiro de hoje. Então relaxem, cruzeirenses.

Deixem o inexplicável brincar de futebol. Vai que ele volta com uma taça, como fez em 97.

Abraços, @Rafael_Araca.

segunda-feira, 10 de março de 2014

Pré-jogo: Juazeiro x Tupi

A Copa do Brasil começa nesta quarta-feira para o Tupi. O Galo Carijó irá a Juazeiro, na Bahia, enfrentar o Juazeiro Social Clube no estádio Adauto Moraes, com capacidade para 8 mil pessoas, às 20:30, horário de Brasília.

Mesmo vindo de derrota no Estadual para o Cruzeiro, por 2x1, o Tupi está com a moral alta. Ainda com grandes chances de classificação para a semifinal do Campeonato Mineiro, o treinador Paulo Campos elogiou a postura do time diante da Raposa e disse que a torcida tem de ficar orgulhosa da equipe.

O time juizforano fará uma maratona para poder estreiar na Copa do Brasil. Saindo de Juiz de Fora, os jogadores passarão por Rio de Janeiro, São Paulo, Recife e Petrolina, até chegar à casa do adversário. Apesar dos contratempos, o Galo irá com força total em busca da classificação, tendo em vista o regulamento do torneio, que define que uma vitória por dois gols de diferença do visitante, nas duas primeiras fases, elimina o jogo de volta.

O Juazeiro, time mais tradicional de sua cidade, e que tem o carinho da maioria da população, não vem fazendo um bom ano, tendo sido rebaixado no Campeonato Baiano. Porém, o Tricolor das Carrancas vê no duelo contra os mineiros a chance da reabilitação em uma temporada ruim.

Após o fim de sua participação no Estadual, o Juazeiro passou por uma série de dispensas no elenco. Houve troca de treinador, em que Janilson Silva deu lugar a Aldo França no comando da equipe, e algumas contratações foram feitas. O atacante Júnior, ex-Bahia e Camaçari, e o zagueiro Maílson, já conhecido do torcedor tricolor, são as principais novidades para a Copa do Brasil. A esperança da torcida é o atacante Jean, prata da casa e artilheiro da equipe no Campeonato Baiano.

Nas últimas semanas, o Juazeiro fez dois amistosos contra combinados locais, e venceu ambos, o que aumentou a motivação do elenco, que está confiante para o duelo contra o Tupi.

O Tupi deve ir a campo com o mesmo time que jogou as últimas partidas: Jordan; Henrique, Helder, Fabrício Soares e Toledo; Felipe Lima, Genalvo e Maguinho; Nubio, Aguiar e Wesley. A escalação do Juazeiro ainda não foi definida.

O confronto de volta está marcado para o dia 9 de abril, em Juiz de Fora.

Agradecimentos a Bruno Lopes, assessor de imprensa do Juazeiro Social Clube, que cedeu informações sobre o elenco do Tricolor das Carrancas.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Duas caras

Início de temporada no futebol brasileiro é sempre igual. Os clubes grandes, aos poucos, voltam ao ritmo ideal, perdem jogos para os pequenos e fazem as mesmas reclamações. "Os times pequenos têm um tempo maior de pré-temporada", alegam. Nas primeiras rodadas dos Estaduais, aceitável. Depois disso, não mais.

Este ano, o Botafogo passou deste limite aceitável. Praticamente eliminado do Carioca, o Fogão é o grande que mais decepcionou nos Estaduais de 2014. Muitos dizem ser pelo foco obviamente estar na Libertadores. Não digo que não se deve apostar no maior torneio do continente, inclusive acho correto, mas isso já não serve como motivo para o fiasco no Carioca..


É impressionante a diferença de vontade dos jogadores do Botafogo jogando pela Libertadores e pelo Carioca. O time que luta o tempo todo e enfrenta adversários fortes nas quartas-feiras sofre com a apatia nos finais de semana contra oponentes medíocres. Tática, física e tecnicamente, o Botafogo é infinitamente melhor que qualquer time do interior. O que falta é vontade. E respeito.

Jogar a Libertadores não é desculpa para abandonar o Carioca, não há explicação. É falta de respeito com a torcida.

O botafoguense ama o time contra o San Lorenzo e também contra o Audax. O botafoguense que vibra com a raça contra o Unión Española é o mesmo que sofre pela derrota para o Macaé. Botafoguense é Botafogo de segunda a segunda, não só nos torneios grandes.

Já que a classificação é vista como milagre, que corram atrás e transformem-na em realidade. Se não der, ao menos a camisa alvinegra terá sido respeitada como merece.

Tem coisas que só acontecem com Botafogo.

E tem coisas que o Botafogo quer que só aconteçam com ele.

Abraços, @Rafael_Araca.