domingo, 22 de dezembro de 2013
Respeita as moças
Merecidamente, hoje abro espaço no blog para o handebol. Após a conquista do Mundial de Handebol Feminino pelo Brasil, nada mais justo que discutirmos um pouco o esporte.
No Brasil, o handebol é um esporte desvalorizado. Sem coitadismo ou falsidade, em nosso país o handebol é tratado como um esporte escolar, não tem conhecimento popular e é esquecido pelos meios de comunicação. Prova disso é a transmissão da final somente pelo canal Esporte Interativo. Emissoras de maior porte e renome como o Sportv e a Espn preferiram preencher sua grade com reprises e eventos menos importantes a transmitir o histórico jogo de hoje, dedicando a ele pequenas menções no último quadro dos noticiários.
Acompanhei o primeiro tempo de jogo por uma rádio na internet. O narrador demonstrou pouquíssimo conhecimento do esporte, chamando o tiro de sete metros de "pênalti" e "lance livre" em diversas oportunidades. Não o culpo, por esperar essa mesma reação vinda da maioria das pessoas em nosso país. A cada 10 pessoas que dizem gostar de esportes, duvido muito que 5 saberiam dizer o nome das funções das jogadoras no handebol, o que geraria gafes comuns como "atacante".
O segundo tempo acompanhei por uma televisão espanhola que encontrei na internet. Como esperado, perdi a conta de quantas vezes ouvi o narrador enchendo a boca para chamar a sensacional Alexandra Nascimento de "melhor do mundo" e falando em "momento histórico para o Brasil". Momento histórico para o Brasil, esquecido pelo Brasil, ironicamente.
Não somos um país olímpico. Valorizamos o futebol masculino e o vôlei, somados a avulsos flashes de exaltação quando surgem Oscares, Hortências e Cielos. Porém, esses casos acontecem. Somos 200 milhões em um país propício à prática de esportes, talentos naturais acontecem naturalmente.
Então, por que não investir para que esses talentos surjam em atacado, e não de maneira esporádica? Temos um tricampeão mundial de natação, um campeão mundial e olímpico na ginástica, a maior jogadora da história do futebol feminino, a melhor jogadora do mundo de handebol atualmente, vários judocas campeões mundiais e olímpicos e dois dos melhores duplistas do mundo no tênis. Podemos ter muito mais.
Quando, como em 2012, ficarmos atrás de países como Coreia do Norte, Irã, Jamaica, Cuba, e Cazaquistão, nas nossas Olimpíadas, o fato será citado com pena e tristeza. Com trabalho e vontade, pode-se evitar esse vexame.
Respeitem mais o handebol. Ou ao menos respeitem esse time que fez história hoje. Não serei falso de dizer que tenho orgulho de ser brasileiro, mas posso dizer que tenho muito orgulho de vocês, meninas. Parabéns, Brasil!
Viva o handebol!
Abraços, @Rafael_Araca.