quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Só mais um sobre tapetão

Quem vos fala é um cara de 17 anos, leigo em Direito. Por favor, corrijam-me caso bobagens técnicas surjam. Agora, o texto:
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Por mais difícil que seja, não quero focar na barbárie tribal dos trogloditas que se dizem organizados. Muito menos, polemizar com minha opinião de que as torcidas organizadas são o câncer do futebol e têm na CBF sua fonte de metástase.

Hoje, mais uma vez, nosso esporte se encontra em meio a mais um debate que fugiu das quatro linhas e achou abrigo em artigos, parágrafos e incisos. Doutores em Direito Esportivo surgiram em todos os cantos, então acho que também posso dar minha opinião.

Leis são interpretativas. Se não fossem, não haveria motivo para julgamentos. Além disso, vivemos no país do jeitinho, em que as leis são estudadas para se encontrar brechas. E isso dá resultado em todas as áreas. Exemplos recentes? Na política, os embargos infringentes. No esporte, o caso do massagista que invadiu o campo e travou a Série D por semanas.

A lei diz que se a partida for paralisada por mais de uma hora, o jogo deve ser finalizado pelo árbitro. Atlético-PR x Vasco foi interrompido por 76 minutos, 1 hora + 16 minutos. Em uma situação normal, o jogo deveria ser findado e reiniciado em outro momento. Mas abramos espaço para uma análise:

O confronto foi interrompido logo após o início da pancadaria generalizada. Polícia, segurança e até helicóptero em campo. Pouco tempo após a primeira briga, outra. Dessa vez, entre os próprios atleticanos.

Enquanto isso, notícias sobre brigas fora do estádio. Ao não dar recomeço à partida, o árbitro estava esperando receber as condições necessárias de terminar o jogo com a integridade física dos jogadores mantida. Havia risco de morte no estádio, o perigo era iminente.

Os 16 minutos a mais em nada alteraram o resultado do jogo, mas garantiram a vida de quem estava em campo. Vidas, entenderam? Vai muito além de gols. Culpar o árbitro por esperar um quarto de hora a mais para salvar vidas fere a ética, tão prezada nos cursos de Direito. Sabe os tais "motivos de força maior" que as lojas colocam na fachada quando não funcionarão? Então, estão aí.

Um exemplo em que acho que a lei deveria ser aplicada? Ok:

Um jogo paralisado por uma forte chuva que alagou o campo. O árbitro espera uma hora, acha que o gramado está utilizável, mas prefere esperar mais um pouco para ver se a situação melhora. Passados 20 minutos, ele reinicia o confronto, que tem seu curso retomado. Nesse caso, os 20 minutos a mais foram causados por um desejo, uma vaidade do árbitro.

O Vasco perdeu, foi rebaixado e agora que não soube afirmar sua grandeza no campo, busca fazê-lo nos tribunais. Vascão, você caiu. Mas é muito maior que isso. Aja como um homem e aceite sua queda. Você é muito maior que os outros 18 timecos da Série B, subir será fácil e condirá muito mais com sua história.

E nossos dirigentes que se preocupem com a segurança dos torcedores de verdade e a organização de seus torneios. A maior discussão do esporte ficar dentro de tribunais só mostra a mediocridade que envolve a CBF.

Os integrantes do tal "Bom Senso F.C.", que tanto aplaudimos, que disseram sobre isso? Nada. São só mais uma falsa esperança de seriedade que tivemos.

Algum dia, quando um gringo se espantar com advogados e promotores na lista de ídolos dos nossos grandes clubes, certamente perguntará:
- Que país é esse?

E eu prontamente responderei:
-É a porra do Brasil.

Em meio à eterna bagunça em que vivemos,
Abraço, @Rafael_Araca.