quinta-feira, 24 de abril de 2014

Em segundo plano

Os anos indo ao Helenão me ensinaram a nunca acreditar em aparências quando se trata do Tupi. Não me recordo de ter começado uma temporada com boas expectativas para o Galo e ser correspondido.

2014 se iniciou com um grupo montado para não cair no Campeonato Mineiro, e o time por pouco não chegou à semifinal. Quando, em 1997, a série B já era quase realidade, e um empate em três jogos era o necessário, três derrotas vieram.

Porém, a eliminação de ontem é um ponto fora da curva de histórias inexplicáveis do Tupi — de costume, só a absurda incompetência administrativa que deixou de fora o goleiro e o camisa 10 esperados pela torcida —. Por mais otimista que seja o torcedor, dificilmente acreditaria em uma classificação do time. Fui ao estádio torcendo pela conquista do jogo da volta que, para mim, seria um título conquistado na Copa do Brasil.



Não discordo de quem diz que Condé é retranqueiro, mas não havia o que fazer ontem. Se você avança o time com tudo contra um adversário que tem Conca, Sóbis e Fred, é porque quer perder. Se faz isso sabendo que seu lateral esquerdo é fraco na marcação e o direito não existe, é burro.

O Fluminense jogou como o time grande que tem a missão de eliminar o segundo jogo. O Tupi jogou como o pequeno que recebe o grande e tenta fazer seu jogo em contra-ataques. Deu a lógica do cada vez mais díspar futebol brasileiro, deu o grande.

O sonho de ver o Tupi jogar no Maracanã não foi realizado em 2014. Algum dia será, tenho certeza. Mas fica para outro ano, este é o da Série C.

No fim de semana começa a temporada de verdade para o Tupi. Sem deslumbres, com os pés no chão e foco no objetivo que foi traçado no fim de 2013. Domingo é dia de voltar ao Radialista Mário Helênio.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Tradição

Se engana quem diz que os brasileiros sabem jogar a Libertadores. Ter tradição é bem diferente de saber jogar o torneio.

Jogar em casa precisando da vitória talvez fosse a melhor das situações para o Flamengo. Da última vez em que um empate bastou, a malandragem carioca se transformou em relaxamento, e um gordinho fez milagre e eliminou o rubro-negro.

Com o Maracanã lotado e uma pressão massacrante pra cima dos mexicanos, fazer um gol a mais que o outro time talvez não fosse nada além do que o Flamengo já fez centenas de vezes ao longo de sua história. Talvez.


Se engana mais ainda quem pensa que futebol se resume em quatro linhas. Cada camisa carrega consigo tradições que justificam o perfil de seus torcedores e o que acontece nos jogos. Aí entra a relação íntima entre o Flamengo, a tensão e o sofrimento, seja nos momentos de alegria, seja nos momentos de tristeza.

Existem times que vivem de títulos, e outros que vivem de torcida. O Flamengo vive de títulos, torcida e histórias sensacionais que beiram a fantasia.

O elenco atual não tem nada de brilhante, e eu não acredito que venceria a Libertadores caso chegasse às oitavas. Mas não faltou raça e vontade em momento algum. Sem vergonha, como foi gritado ao fim do jogo, este time definitivamente não é.

A tristeza e a exaltação dos flamenguistas nesta hora é justa e esperada. Mas quando a poeira baixar, eles verão que hoje foi mais uma página escrita com a assinatura do Flamengo.

Hoje, assim como em 2008, uma página digna de uma tragédia grega. Mas em 2009 e em 2013, foram feitas páginas da eterna epopéia rubro-negra.

E assim segue o Flamengo. Libertadores e eliminações passam, ele fica.

Abraços, @Rafael_Araca.

domingo, 6 de abril de 2014

Sem graça

Cruzeiro e Atlético entraram em campo guiados pelo regulamento do Campeonato Mineiro.

O Cruzeiro, fora de casa e com a vantagem do empate, veio a campo para jogar nos contra-ataques e explorar os erros do Galo. Ao Atlético, jogando em casa e sabendo do regulamento, restava ir ao ataque. Em 2013, esteve na mesma situação, foi pra cima e matou o campeonato no primeiro jogo da final.

Se pegarmos os times dos dois grandes mineiros no papel, temos um grande jogo. Mas, assim como nos últimos clássicos no Horto, foram 90 minutos terríveis. A rivalidade transformou o jogo em um festival de faltas e agressões. O árbitro, medroso, deixou os jogadores mandarem na partida, optou por não dar cartões e perdeu o comando da partida antes do fim do primeiro tempo.


























No pouco futebol apresentado, o Atlético foi melhor. Diego Tardelli perdeu um gol feito, o garoto Alex Silva entrou bem no time principal, e Fábio foi obrigado a fazer algumas boas defesas. No Cruzeiro, Ricardo Goulart perdeu uma das poucas chances do time, já com Victor batido.

No próximo domingo teremos o campeão de mais um deprimente Campeonato Mineiro. Para o Galo, que frequentemente joga muito mal fora de casa, só a vitória interessa. O Cruzeiro tem o regulamento do Estadual ao seu lado novamente, já que o empate garante mais um título invicto.

Pelo Mineirão lotado e o regulamento, um leve favoritismo ao Cruzeiro. Pelo confronto em questão, sem favorito. E que tenhamos futebol no próximo fim de semana.

Abraços, @Rafael_Araca.

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Vivos!

Quando o Cruzeiro perdeu a primeira partida da Libertadores, contra o Real Garcilaso, o confronto da volta estava preparado para ser "o jogo em que o time se vingaria pelo racismo contra Tinga". Já classificado, solto para jogar como queria, era só mostrar quem mandava no grupo.

Menosprezaram demais a Libertadores. Os tropeços vieram, a classificação foi ameaçada e até considerada impossível. Mas a superstição ficou ao lado do Cruzeiro. A salvação teria de vir contra um tradicional freguês no torneio, em um dos estádios que mais marcou as páginas heróicas imortais, eternizadas no hino celeste.

E também menosprezaram demais o Cruzeiro. O primeiro título continental veio após a morte trágica de um dos ídolos do time. O segundo, após três derrotas no começo da fase de grupos. Situações adversas não são o maior dos problemas para aquele que foi apelidado de "La Bestia Negra" pelos próprios adversários.

"O Cruzeiro está morto na Libertadores". Deveriam ter parado para analisar o que é o Cruzeiro na Libertadores. Passaram-se noventa minutos, e ele está mais vivo do que nunca. E que venham o tal duelo com o Garcilaso e a classificação. Seja pelo Tinga, pela história do clube ou pelos oito milhões de cruzeirenses que sonham com o tricampeonato.

Abraços, @Rafael_Araca.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Sejam um só

O Botafogo entrou em campo hoje jogando por uma vitória já dada como certa pra os torcedores. Tendo um time melhor e jogando no Maracanã lotado, é simples: Ganha e classifica.

O Botafogo foi melhor até o gol e poderia ter marcado antes disso. Não conseguiu por um motivo óbvio. Se você joga com bola aérea sendo seu forte, o mínimo que se espera é a presença de um homem de área no time titular. Ferreyra está longe de ser um bom jogador, mas resolveu - depois de perder centenas de gols feitos, diga-se - quando preciso. Hoje, sem ele, o time não teve opções.

Taticamente, o Botafogo foi ineficiente. Com Jorge Wagner apagado, tecnicamente não existiu. Em mais uma ironia do futebol, contra o Independiente del Valle, a atuação foi péssima, mas a vitória veio. Hoje, jogando melhor, perdeu.

Não acho que foi pênalti, mas não acho absurda a marcação. Houve o toque no jogador chileno, a decisão ficou para a interpretação do árbitro, e conhecemos bem como os árbitros interpretam lances contra equipes brasileiras na Libertadores. Por isso, ficar com a noite de hoje na cabeça é o maior erro que o Botafogo pode ter.



E, botafoguenses, vaiar a equipe e chamar o Húngaro de burro também não são decisões inteligentes. O time jogou mal as últimas partidas e o treinador não escalou bem, é fato. Mas se nem vocês ficarem ao lado de quem carrega a maior sina de azarado e cavalo paraguaio do futebol brasileiro, ninguém ficará .

A próxima parada é em Buenos Aires, e pode ser a última. Vocês têm duas opções: abandonar o time no melhor momento já visto por uma geração de torcedores, ou fazer como disseram no mosaico que encantou o Brasil.

A hora de serem um só chegou, qual opção vão escolher?

Abraços, @Rafael_Araca.